Maior reserva natural privada do Brasil fica em MT e tem importância reconhecida internacionalmente

A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) tem títulos internacionais de Sítio Ramsar e Zona Núcleo da Reserva da Biosfera O Dia do Pantanal foi comemorado neste domingo...

A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) tem títulos internacionais de Sítio Ramsar e Zona Núcleo da Reserva da Biosfera

O Dia do Pantanal foi comemorado neste domingo (12/11), bioma considerado um dos mais importantes berços de biodiversidade do planeta, onde está localizada a Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil – RPPN Sesc Pantanal. Maior do país com 108 mil hectares, a reserva localizada em Barão de Melgaço-MT tem títulos internacionais de Sítio Ramsar e Zona Núcleo da Reserva da Biosfera, que demonstram a importância da área de conservação.

Para entender o que significam os reconhecimentos internacionais, é preciso saber primeiro que o Pantanal tem apenas 5% do bioma protegido em Unidades de Conservação. Deste total, 1% corresponde à RPPN Sesc Pantanal, que faz parte do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, iniciativa do Sistema CNC-Sesc-Senac.

A definição das áreas como “Reserva da Biosfera” é feita pela Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura (UNESCO) como instrumento de conservação que favorece a descoberta de soluções para problemas como o desmatamento das florestas tropicais, a desertificação, a poluição atmosférica e o efeito estufa. Uma Reserva da Biosfera privilegia o uso sustentável dos recursos naturais e tem por objetivo promover o conhecimento, a prática e os valores humanos para implementar as relações entre as populações e o meio ambiente em todo o planeta.

No Brasil, são sete Reservas da Biosfera: Pantanal, Mata Atlântica, Cinturão Verde de São Paulo, Cerrado, Caatinga, Amazônia Central e Serra do Espinhaço. A RPPN Sesc Pantanal recebeu em 2000, o título de Zona Núcleo da Reserva da Biosfera, dado às regiões preservadas de um ecossistema representativo, pelo registro de ocorrência de endemismos (grupos de fauna e flora que só existem no local), espécies raras, em extinção ou de importante valor genético e lugares de excepcional interesse científico.

Já o título de Sítio Ramsar, também conhecido como Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional, é o instrumento adotado pela Convenção Ramsar (tratado intergovernamental) para promover a cooperação entre países na conservação e no uso racional das zonas úmidas no mundo. Ao aderir à Convenção, os países signatários devem designar ao menos uma zona úmida de seus territórios para ser integrada à Lista que, uma vez aprovada por um corpo técnico especializado, receberá o título de Sítio Ramsar, como ocorreu em 2002 com a RPPN Sesc Pantanal.

“É evidente a extrema relevância do papel da RPPN enquanto área de conservação, que beneficia a fauna, a flora e os seres humanos, com seus serviços ecossistêmicos fundamentais para a manutenção da vida na terra. Um exemplo é a adaptação às mudanças climáticas, principalmente diante de eventos extremos registrados em todo o mundo nos últimos meses, como é o caso das altas temperaturas”, destaca o ecólogo e gestor da RPPN Sesc Pantanal, Alexandre Enout.

O fornecimento de alimentos e de plantas medicinais, regulação da qualidade do ar atmosférico e da qualidade da água, controle de erosão ou de grandes desastres de inundações também estão na lista atreladas à RPPN Sesc Pantanal.

Riqueza de vida

A riqueza de vida encontrada também explica sua relevância. Da abundante biodiversidade da Bacia do Alto Paraguai, com mais de 1 mil espécies de peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos registradas, a RPPN detém 630. Entre as espécies ameaçadas de extinção, a RPPN possui 12, entre elas a onça-pintada, animal topo de cadeia que representa a qualidade do ambiente para a vida animal. A área também é um laboratório a céu aberto, com mais de 70 pesquisas realizadas desde a sua criação, há 26 anos.

O reconhecimento internacional também valoriza a área e cria oportunidades para ações e parcerias com instituições, tanto do governo, quanto organizações não governamentais e representantes da sociedade civil.

“Todos pensam juntos sobre o futuro dessa área, qual tipo de atividade fazer, como manejar, quais são as demandas e os gargalos também, como podemos gerir o impacto com apoio das demais instituições, garantindo maior efetividade na gestão e maior proteção dessas áreas”, conclui o ecólogo e gestor da RPPN.

Prevenção a incêndios

Para cuidar dos 108 mil hectares, área equivalente à cidade do Rio de Janeiro, o Sesc Pantanal realiza trabalhos preventivos, como manutenção de estradas e limpeza de aceiros, estratégicos em ações de combate. Entre os equipamentos, a Brigada conta com bomba costal, soprador, motobomba, motosserra, quadriciclos, caminhonetes, caminhões-pipa, pipinha, pá carregadeira, trator com roçadeira e grade, barcos e um avião, usados para monitorar e combater focos de incêndios.

A prevenção de incêndios tem sido ampliada, desde 2020, com diferentes frentes de atuação, sendo a principal delas o Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF). Iniciativa inédita no Pantanal norte, o documento que está em fase de aprovação pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) reforça a integração de todas as atividades relacionadas à prevenção e combate aos incêndios florestais na reserva e entorno, tendo a construção colaborativa como a abordagem principal no planejamento e a queima prescrita como uma das ferramentas de conservação e manejo.

O PMIF associa aspectos essenciais do fogo: ecologia, cultura e manejo. O uso do fogo como aliado a incêndios florestais utilizando métodos de queimas prescritas já é utilizado em todos os outros biomas existentes no Brasil e em unidades de conservação dos Estados Unidos, África e Austrália e simula uma queima de origem natural, em período previamente analisado, em áreas selecionadas, adaptadas ao fogo, com o objetivo de reduzir parte da vegetação para melhorar as condições de controle dos incêndios na estação seca.