Programa “Cultura Livre” celebra 70 anos da estreia de Lúcia Palma: a dama do teatro mato-grosssense

Meados de 1953: o pátio do Internato Asilo Santa Rita, na Rua Joaquim Murtinho, ao lado do Hospital Geral de Cuiabá, estava lotado. Depois da Festa de Bom...

Meados de 1953: o pátio do Internato Asilo Santa Rita, na Rua Joaquim Murtinho, ao lado do Hospital Geral de Cuiabá, estava lotado. Depois da Festa de Bom Bosco, aquela data – o aniversário da Diretora Irmã Maria Augusta Vieira – era a mais importante do calendário escolar.
Lúcia, de 5 anos de idade, a menorzinha das meninas do colégio, acompanhava tudo escondida, espremida dentro de um balaio no centro do palco. Suas pequenas mãos trêmulas seguravam um ramo de flores. Após ouvir o sinal, Lúcia, controla o frio na barriga e faz como ensaiado: se levanta e sai do balaio. Sem desgrudar-se das suas flores avança, pé por pé, graciosamente, até uma varanda em um ponto alto do pátio. Ao avistar Irmã Maria Augusta, estica-se ao máximo e entrega o buquê à aniversariante do dia.  Em seguida, emocionada, ouve os aplausos de seus familiares, em especial, de sua Tia Mariana e de toda comunidade escolar – plateia que, sem saber, estava testemunhando o surgimento de Lúcia Palma, a dama do teatro mato-grossense, detentora de uma das mais belas trajetórias artísticas do Estado.
Lúcia Palma gosta de se definir como “Povo do Porto”, bairro em que viveu durante parte de sua infância e adolescência. Entre mergulhos na Pedra 21 e andanças pela Avenida XV de Novembro, Lúcia conviveu com uma infinidade de artistas que moravam nessa região efervescente: as musicistas Terezinha Castrillon, Professora Matilde e a escritora Dunga Rodrigues; os poetas Moisés Martins, Ivens Scaff e o radialista Gentil Bussiki; a cantora Eliete Maia; o ator Rosalvo Caçador; e outros.
Aos doze anos, Lúcia integra a Companhia de Arte São Luiz, fundada por Luiz Zair, passando a participar de inúmeras montagens. Ainda na adolescência se integra ao Teatro do Sesc, atuando , entre outros, com Ênio Póvoas e Jejé de Oyá.
Nos anos 70 cursa Pedagogia na UFMT e também se integra ao projeto “Tempo de Teatro” em que participou de cursos, workshops, oficinais com grandes nomes do teatro nacional como Paulo Coelho, Jesus Chediac, Amir Haddad. Em 1976 mudou-se para Belo Horizonte, tendo participado por três anos da cena teatral mineira na atuação e direção de vários espetáculos.
Ao retornar para Cuiabá em 1979 iniciou parceria com a Diretora Glória Albuês, integrando o elenco de “Rio acima, rio abaixo ou ergue o mocho e vamos palestrar”: espetáculo histórico que, até meados dos anos 80, circulou por diferentes Estados do país levando aos palcos, pela primeira vez, a cultura das comunidades ribeirinhas e o sotaque cuiabano impulsionando gerações de artistas que, até os dias atuais, tem levado o “cuiabanês” e a cultura mato-grossense para os palcos, cinemas, livros, músicas.
Dos anos 80 até os dias atuais, além das parcerias com Glória Albuês, Lúcia Palma construiu trabalhos sólidos na televisão, teatro e cinema com Luiz Carlos Ribeiro, Ivan Belém, Marília Beatriz, Claudete Jaudy, Luiz Marchetti, Luiz Borges, Marithê Azevedo e outros.
Lúcia Palma completou 75 anos no último dia 15 de janeiro. Em meio a inúmeras lembranças, como a estreia da pequena menina Lúcia, no Internato Asilo Santa Rita, a dama do teatro mato-grossense, gravou para o programa “Cultura Livre” uma entrevista de quase uma hora de duração em que essas e outras histórias marcantes das artes em Mato Grosso são compartilhadas com riquezas de detalhes e afetos.
Apresentado pela atriz e diretora teatral Helô Godoy, o programa “Cultura Livre”, com Lúcia Palma, vai ao ar na TV Gazeta 19.1, no dia 08 de fevereiro, quarta-feira, às 21h30, com reprise no dia 11 de fevereiro, sábado às 21h.
A entrevista também será exibida na TV Mato Grosso, canal 27.1, nos dias: 18/02, sábado, às 17h; 19/02, domingo às 18h; e 20/02, segunda-feira, às 20h.
Ficha Técnica: Programa Cultura Livre. Canal: TV Gazeta 19.1. Apresentação e produção: Helô Godoy; Direção e produção: Gustavo Teixeira. Edição, Cenário e Sonoplastia: JB Leite, Ronaldo Almeida e Lauro Souza. Direção Geral: Márcio Almeida.
Por assessoria