Peça ‘O caixeiro da taverna’ no teatro do Sesc Arsenal

A peça ‘O caixeiro da taverna‘ é uma comédia adaptada da obra de Martins Pena (1875-1848) que narra de forma divertida as artimanhas do jovem português Manoel Pacheco,...

A peça ‘O caixeiro da taverna‘ é uma comédia adaptada da obra de Martins Pena (1875-1848) que narra de forma divertida as artimanhas do jovem português Manoel Pacheco, caixeiro da taverna da viúva Angélica cujo maior sonho é se tornar seu sócio, mas que faz inúmeras artimanhas para obter o que tanto deseja. Afinal, qual o limite da ambição?

O objetivo dos alunos do 3º ano do ensino médio da Escola Livre Porto Cuiabá, que estarão em cartaz entre quinta-feira e domingo (01 e 04.09), no teatro do Sesc Arsenal, em Cuiabá, é justamente fazer uma crítica social, mas de forma descontraída e divertida, levando a plateia a rir das peripécias do caixeiro.

Para os estudantes Leandro Ceolin e Thiago Santana Couto, que interpretam o personagem Manoel, mesmo que as peripécias do caixeiro sejam engraçadas, ele possui uma conduta dissimulada e manipuladora para tentar sempre levar vantagem, o que não é bom.

Já o outro personagem vivenciado por eles, Francisco, amigo de Manoel, é o oposto, muito honesto e generoso, mas ele quase sempre se dá mal.

“São dois estereótipos de conduta que nos ensinaram muito sobre empatia e valores, além disso, não deixou de ser um preparativo para a vida lá fora, na faculdade e no mercado de trabalho, em que vamos nos deparar o tempo todo com pessoas com este mesmo perfil do Manoel, então, temos que estar preparados“, destacaram.

Outro tema abordado é o empoderamento feminino, isso levando em conta que a peça é do final do século 19.

“Tanto Deolinda (a costureira) quando a viúva Angélica (a dona da taverna) são mulheres fortes, ‘afrontosas’, que tiveram coragem de brigar para serem valorizadas como mulher e profissionais, esse é um movimento que ainda hoje temos que fazer“, afirmam as estudantes Ana Júlia e Gabryelle Zanol.

A pressão vivida pelo personagem Francisco, que mesmo tendo aspiração de se tornar conhecedor das leis e da política, acabou se tornando oficial latoeiro, como o pai, foi algo que despertou reflexões em Thiago:

“Não podemos escolher a carreira profissional para agradar ninguém, temos que poder seguir o próprio caminho, afinal, a sociedade precisa de médicos e de artistas, todas profissões são importantes“.

Nadiny Costa e Heloísa Carbonera, de 26 anos, ambas ex-alunas da escola, neste ano integram a produção da peça. A primeira é a professora de teatro, possui formação pela Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) e está na equipe de direção; e Heloísa é graduada em música pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e está na equipe de direção musical.

“Essa experiência é fundamental para a formação crítica, emocional e social dos jovens, é uma forma de aprender a lidar com o outro“, explica Nadiny.

Já Heloísa avalia a composição da trilha sonora como uma ferramenta dos jovens para ampliar a capacidade de comunicação com o público.

O coreógrafo e professor Luciano Oliveira, que também integra a equipe de direção, conta que os ensaios se iniciaram há dois meses. A produção da peça envolveu a todos e não só a turma de alunos. Participaram, também, pais e familiares, professores, funcionários, além da comunidade escolar. A proposta do teatro é realizar com o estudante uma jornada de crescimento, já que participa de todo o processo, em todas as áreas, com a missão de deixar uma mensagem para a sociedade no dia da apresentação.

“Não podemos mais tratar jovens como ‘aborrecentes’, eles são pessoas muito inteligentes, críticas, sensíveis e que quando bem orientadas podem atuar como líderes onde quer que estejam. Nesta turma, a palavra-chave escolhida foi determinação, porque precisaram vencer muitas barreiras para levar o projeto após esse período de dois anos de pandemia“, finaliza o professor.

O professor de música, Ricardo Porto, frisa a importância da música para dar liberdade aos alunos para trabalhar os temas abordados, já que a música possui várias vertentes da arte, que são camadas a serem reveladas durante a apresentação para envolver o público.

“São camadas de expressão que completam o sentido e despertam emoções das mais diversas nas pessoas“.

Sobre o teatro

Realizado desde 1995, está incluso no currículo escolar no 8º e no 3º ano do ensino médio da escola, trazendo obras importantes da literatura universal e nacional, com a proposta de desenvolver nos jovens a busca por um ideal. Por meio do teatro, também é possível vivenciar conceitos sobre justiça, verdade, honra, sonhos e liberdade.

Algumas peças já encenadas pelos alunos da Escola Livre Porto Cuiabá: Um inimigo do Povo – de Henrik Ibsen (2019); Este Ovo é um Galo – Lauro César Muniz (2018); Estado de Sítio – Albert Camus (2017); A Revolução dos Beatos – Dias Gomes (2016); A Pena e a Lei – Ariano Suassuna; O Truão Panfalão – Nikolai Leskov (2015); A Invasão – Dias Gomes (2014), A Comédia dos Erros, de Shakespeare (2014), etc.

Com assessoria