Mulher de 30 anos luta para adotar idosa de 67: ‘Ela ganhou um lar e eu, mais uma filha’

A copeira Gláucia Andressa, 27 anos, conheceu Cotinha, 67, no hospital onde trabalhava, mantido pela Beneficência Portuguesa de Araraquara. Ela foi acolhida pela instituição após um atropelamento quase...

A copeira Gláucia Andressa, 27 anos, conheceu Cotinha, 67, no hospital onde trabalhava, mantido pela Beneficência Portuguesa de Araraquara. Ela foi acolhida pela instituição após um atropelamento quase ceifar sua vida. A idosa conta que nunca recebeu visitas, mas que ganhou uma família após a unidade ser fechada.

Era apenas mais um dia de trabalho para Gláucia, quando ela soube que o hospital fecharia as portas em breve. Mãe de Emilly, até então com um ano e sete meses de idade, a copeira logo chegou à conclusão que ficaria desempregaa. Ficou ainda mais triste ao lembrar de Cotinha, uma senhora que desde criança morava na instituição, e não teria para onde ir. Contamos a história anteriormente, clique aqui.

As freiras a apelidaram assim ainda na década de 1960, quando a acolheram após ela ser vítima de um atropelamento. De acordo com os funcionários mais antigos da casa, ela e o irmão andavam pelo acostamento da SP-310, Rodovia Washington Luís, quando foram atingidos por um caminhão. O garoto, de 4 anos, não resistiu aos ferimentos e faleceu. Sua irmã, que não tinha qualquer tipo de documento de identificação, foi levada às pressas para a Beneficência Portuguesa em estado grave.

Semanas se passaram e nenhum familiar apareceu para visitar Cotinha. Recuperada do acidente, ela foi ‘adotada’ pelas irmãs e alojada em um quarto próximo à lavanderia. Décadas depois, ninguém sabe qual é o verdadeiro nome da idosa, tampouco sua idade exata ou o ano em que chegou à instituição.

Não há informações ou registros do atropelamento nos jornais da época. Presume-se que a idosa tenha 67 anos; hoje, ela quase não fala, repete algumas poucas palavras e se comunica predominantemente através de gestos. Quando jovem, ela executava diversas tarefas domésticas na Beneficência, como lavar louças, passar roupas e dobrar lençóis. Aliás, foi limpando as mesas do refeitório que Cotinha conheceu Gláucia, em março de 2010, quando a copeira começou a trabalhar por lá.

Mulher luta para adotar idosa: 'Ela ganhou um lar e eu, mais uma filha'
Foto: Arquivo pessoal

Infelizmente, a Beneficência Portuguesa fechou as portas alegando uma dívida acumulada de R$ 70 milhões e demitiu todos os 300 funcionários. Ao descobrir que Cotinha foi transferida para um abrigo, Gláucia correu para visitá-la. Ela relata que “não gostou nada” de encontrar a idosa em um canto, aos prantos, dizendo que queria ir embora dali. Foi nesse momento que a copeira tomou a decisão que mudaria sua vida para sempre.

“Quando decidi levá-la para casa, não pensei no dia de amanhã. Sabia apenas que estava cumprindo uma missão que Deus havia me confiado: ser a ‘mãe’ da Cotinha”, explica, com a voz embargada.

Mamãe e suas filhas

Muitos criticaram sua decisão, inclusive as ex-funcionárias do hospital. “Você está louca, menina?” e “Ela vai te dar trabalho!” foram alguns comentários maldosos. “Vocês não têm coração, não?”, contra-argumentava a copeira.

Osmar e Cláudia, pais de Gláucia, receberam a idosa de braços abertos. Fábio, o marido, também apoiou a decisão. Moradora de uma casa alugada, a mãe de Emilly acomodou Cotinha no quarto da filha, que passou a dormir no quarto dos pais.

Mulher luta para adotar idosa: 'Ela ganhou um lar e eu, mais uma filha'
Foto: Aquivo pessoal

“Naquele dia, a Cotinha ganhou um lar e eu, mais uma filha. Quando viu a Emily me chamar de mãe, começou a chamar também”, se emociona.

Amigos e vizinhos de Gláucia se mobilizaram para ajudá-la, doando roupas e alimentos para a ex-copeira. Ela conta que essa ajuda foi de extrema importância, uma vez que as despesas de casa aumentaram consideravelmente.

Com a ajuda da advogada Giulia Negrini, Gláucia conseguiu adotar oficialmente Cotinha, regularizando sua situação perante o estado. Foi dado à ela uma certidão de nascimento, onde se consta seu nome e sobrenome, Maria Coutinha dos Santos Gomes, além de uma data de aniversário, 12 de outubro, dia em que as freiras costumavam comemorar o aniversário dela.

Dá play no vídeo que conta a história abaixo e vem se emocionar

Por Razões Para Acreditar