Pandemia estimula aprimoramento dos clubes de assinatura de livros

Os clubes de assinatura de livros não são uma novidade, eles existem há um tempo nos mercados brasileiro e exterior. Mas foi na pandemia, com a ascensão das...

Os clubes de assinatura de livros não são uma novidade, eles existem há um tempo nos mercados brasileiro e exterior. Mas foi na pandemia, com a ascensão das compras on-line, que o modelo de negócio buscou aprimorar as estratégias para atrair mais leitores.

Nos clubes, os assinantes recebem os produtos em casa e com preços atraentes. A escolha traz conforto e exclusividade, além da nova experiência de consumo. O cliente opta por um plano de assinatura que pode ser mensal, semestral ou anual. O pacote inclui brindes, elementos surpresa e o conteúdo selecionado com base no perfil do assinante. A exclusividade vem das capas e edições especiais que não são encontradas em livrarias.

Desta forma, os curadores conseguem fidelizar os clientes, e, ao mesmo tempo, aumentar os lucros testando as mais inovadoras propostas. À medida que a moda se espalha, esse mercado ganha mais concorrentes, e se reinventar é o caminho para não ficar para trás.

A TAG — Experiências Literárias surgiu em julho de 2014. O clube conta com duas opções para os leitores: a caixa de livros inéditos e a caixa de obras escolhidas por escritores. O box TAG Inéditos contém os best-sellers de todo o mundo, assim como os títulos de novas apostas da literatura, ainda inéditas no Brasil. Já o TAG Curadoria possui obras escolhidas por grandes autores, geralmente de ficção e pouco conhecidas pelo público. Atualmente, o clube tem mais de 70 mil assinantes espalhados por todo o país.

Em entrevista ao Correio, o CEO e cofundador da empresa, Gustavo Lembert, revela a missão do clube de tornar a literatura leve e divertida. “A gente queria quebrar aquela impressão que muita gente tem, de que a literatura é coisa para gente muito cult, ou que é uma matéria chata da escola”, ressalta. Entre as estratégias para tornar a experiência ainda mais criativa, estão as pistas deixadas nas redes sociais sobre o tema da caixa do mês. Esse processo faz parte das ações para envolver a comunidade leitora e também os não leitores. “O público da TAG não é composto apenas destes, mas por novos leitores e pessoas que desejam voltar ao hábito de leitura”, destaca.

Idealizada pelas sócias-fundadoras Ciça Pinheiro e Ana Paula Rocha, a Dois Pontos acaba de entrar no mercado. A iniciativa, que conta tanto com um clube de assinatura, quanto com uma livraria on-line, tem os assinantes recebendo este mês os primeiros livros, também em casa. No clube, o leitor pode optar por títulos de ficção, com histórias inéditas e envolventes, ou por obras de não ficção, com temas contemporâneos e da atualidade.
A curadoria do clube foca em “como o leitor chega em um livro”, e, por isso, aposta em contracapas interativas e inspiradas na temática da obra ou do autor. A fundadora Ciça Pinheiro explica que a experiência é bastante significativa, pois as pessoas sentem falta de visitar o espaço físico de uma livraria. “A ida a uma livraria física é insubstituível. É gostoso ter (a experiência) sensorial, pegar um livro, escutar uma conversa”, acrescenta.

Crescimento

Segundo dados do Betalabs, empresa ligada a e-commerce, clubes de assinatura o segmento dos grupos de assinatura de livros cresceu 27% em 2020, disparando na frente das categorias bebidas (18%) e alimentos (17%).
Só o clube Intrínsecos, da editora Intrínseca, teve um aumento de 124% no número de assinantes em 2020. Ao Correio, a diretora de marketing Heloiza Daou conta que, durante o tempo em casa, as pessoas se interessaram em experienciar a leitura de uma nova forma. “Acreditamos que todos estão mais dispostos para leitura e, no caso do Intrínsecos, conseguimos enxergar a vontade do público em participar de um clube com a curadoria de uma editora que eles gostam”, pontua.
O Intrínsecos também entrega as caixas surpresas, que possuem livros inéditos no Brasil, além de revistas com conteúdo exclusivo e outros brindes literários.

Possibilidades

A popularização fez com que os clubes de assinatura alcançassem as mais diversas áreas: alimentação, música, cinema, beleza, entre outros. As possibilidades são inúmeras. No ramo da música, o Três Selos, lançado em 2019, oferece assinaturas de disco de vinil. O clube é uma união dos selos Assustado Discos, EAEO Records e Goma Gringa, e tem enviado aos assinantes um disco por mês, de uma grande variedade de artistas. Chico César, Tulipa Ruiz, Arnaldo Antunes e Rincon Sapiência são alguns dos nomes que já fizeram parte das caixas de assinatura.

Rafael Cortes é fundador do selo Assustado Discos e, para ele, a diferença do clube vem da escolha de artistas em que acredita e que são relevantes dentro da proposta da curadoria. “Antes de tudo somos apaixonados por música. Somos pessoas que optaram por trabalhar nessa área, influenciados, principalmente, pelo amor à música”, afirma.

 

Reprodução: Correio Braziliense