Médico põe fantasia de cachorro para abraçar filha de 2 ano

É dura a realidade de profissionais da saúde, com medo de contaminar a família com a covid-19. Em Divinópolis, Minas Gerais, um médico teve que colocar uma fantasia...

É dura a realidade de profissionais da saúde, com medo de contaminar a família com a covid-19. Em Divinópolis, Minas Gerais, um médico teve que colocar uma fantasia de cachorro para matar a saudade e poder abraçar com segurança a filha de 2 anos.

O cirurgião Lucas Fragoso, de 34 anos, ficou duas semanas sem ver a família.

A mulher dele está grávida de oito meses e o médico decidiu preparar uma surpresa no Dia das Mães, no domingo, 10.

Escondido em uma fantasia de cachorro, colocada sobre equipamentos de proteção, ele apareceu na casa da sogra, onde as duas estão morando, enquanto ele trabalha em hospitais na linha de frente.

O abraço

O momento do esperado abraço foi emocionante. A filha não sabia que era o pai quem estava ali.

“Um dia antes eu liguei para a Lara, minha filha, e falei que ia mandar um amigo. Eu optei por colocar a cabeça de cachorro para que ela não me reconhecesse porque eu sabia que teria que ir embora, e aí ela me perderia outra vez. Eu preferi que ela ganhasse um amigo, um cachorro”, disse Lucas ao OTempo.

Antes de se encontrar com a família, Luca se submeteu à autorização de uma médica infectologista, para que ele não colocasse todos em risco.

“Eu entrei em contato com uma amiga que é infectologista, mandei para ela as fotos da fantasia e perguntei se poderia usar. Como eu colocaria luvas, a máscara N95, ela me autorizou. Se ela falasse que era arriscado, eu não faria”, explicou.

Lucas se inspirou em outro pai, que se vestiu de dinossauro para rever o filho, como mostrou o SóNotíciaBoa em abril.

Isolamento

Lucas Fragoso é um dos dois únicos cirurgiões torácicos de Divinópolis e atua diretamente no combate ao coronavírus.

Uma amiga dele, que é a outra cirurgiã da especialidade no município, acabou contraindo a Covid-19 há algumas semanas e, por isso, precisou ser afastada.

A situação acendeu ainda mais o alerta e a necessidade dele de se afastar temporariamente da família.

“Eu atuo em CTIs, hospitais… Os procedimentos que faço nos pacientes têm alto risco de contaminação. Isso era muito arriscado para minha esposa grávida e para a minha filha. A saudade dói, ela fala todos os dias que está com saudade e até agora ela não sabe que estou em casa. Eu sempre falo que estou no hospital”, explica.

Uma das preocupações do médico, atualmente, é se poderá encontrar a outra filha, que nascerá nas próximas semanas. “Está tudo muito incerto. Eu não sei se vou pegar o coronavírus e se pegar tenho que ficar, pelo menos, 15 dias longe. Minha cabeça é uma matemática constante, eu sinceramente não sei como vai ser”, desabafou.

Alívio

Apesar de ter passado apenas alguns minutos ao lado da filha e da mulher, o médico conta que o rápido momento bastou para deixá-lo mais tranquilo.

“Eu estava mal, triste, com muita saudade. E, depois de domingo, meu ânimo melhorou. Eu senti receio de a minha filha ficar com muito medo. Imagina… é um cachorro que tem duas vezes o tamanho dela. Mas ela me abraçou, nós brincamos através de mímica. Depois disso as pessoas começaram a me mandar muita força também. É um alívio para a minha família, que, assim como a de outros médicos e enfermeiros, sofre tanto”, concluiu.

Fonte: OTempo