A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) vêm alertando os países para a manutenção do plano de vacinação. O alerta é para que se evite um impacto ainda maior no cenário de pandemia causada pela Covid-19.
Diante disso, um dos debates em alta é a questão da volta às aulas presenciais. Aqui em Mato Grosso, esse anúncio, mesmo que em sistema híbrido, vem chamando a atenção dos infectologistas. Os especialistas frisam que, diante desse pânico pela Covid – algo natural quando surge um cenário novo e incerto – o plano habitual de vacinação foi negligenciado em grande parte dos lares do estado.
Isso, de acordo com a empresária da área da saúde, Rosane Orth, pode impactar na proliferação de doenças como o sarampo, gripe, meningite, coqueluche, entre outras. A empresária lembra que, com exceção da febre amarela e da dengue, muitas dessas doenças podem ser transmitidas da mesma forma que a Covid-19, por meio das secreções das vias respiratórias.
“As pessoas estão deixando de lado a proteção contra outras doenças por causa da Covid-19. Com a decisão da volta às aulas, esse comportamento pode ser um agravante ainda maior, com riscos eminentes, por exemplo, da proliferação do sarampo e até da meningite. Neste contexto, mesmo diante da preocupação com o vírus, os pais precisam se atentar às demais doenças e manter o cartão de vacina dos pequenos em dia”, alerta Rosane, que é diretora-geral da Saúde Livre, Clínica de Vacinação com três unidades em Cuiabá.
A empresária ainda explica que o grupo infantil, colocado em risco pela falta de vacinação, pode se tornar um vetor de contaminação, atingindo às demais pessoas, principalmente os idosos e gestantes.
“As crianças, sem essa cobertura, estarão novamente vulneráveis às doenças tão graves quanto à Covid-19, como é o caso da meningite, colocando nessa situação também outros grupos de risco. Cria-se uma grande teia de complicações. Precisamos entender que o ato de não vacinar coloca a saúde e o bem-estar de toda a população em risco. É um retrocesso na saúde”, acrescenta.
As principais vacinas para este momento, cita a diretora, são aquelas que protegem contra a pneumonia, meningite, tríplice
viral (sarampo, caxumba e rubéola), febre amarela e influenza (gripe). “São vacinas que controlam doenças que também podem levar à morte. Imagina uma população que já está em vulnerabilidade por um vírus violento, em contato com essas doenças? Por isso, quem suspendeu a vacinação precisa procurar uma unidade de saúde e iniciar o plano novamente”, orienta.
No dia a dia da Clínica, Rosane conta que a equipe tem se empenhado em ações de orientação à população, procurando conscientizar do quanto essa atualização do cartão vacinal é essencial para a proteção de todos.
“Estamos usando as ferramentas de comunicação disponíveis, como telefone, WhatsApp, e-mail, na tentativa de levar a mensagem. Com isso, temos grandes chances de promover a recuperação das vacinas atrasadas e também a atualização das vacinas de rotina. O atendimento domiciliar, que já é possível, traz segurança e conforto neste momento de pandemia. É um grande desafio, mas estamos confiantes na vitória”, finaliza.
Sistema de imunização – O Brasil oferece um calendário que pouquíssimos países têm. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) brasileiro oferece gratuitamente 19 vacinas para mais de 40 doenças que são preveníveis. A rede privada, por sua vez, complementa essa oferta seguindo o calendário proposto pela Sociedade Brasileira de Imunizações, com vacinas que protegem não apenas crianças, mas também adolescentes, adultos, gestantes e idosos.