Rogério comprou as balas de Thaná e deu um valor a mais para a menina parar de trabalhar e descansar. Nem sempre recusar é a melhor decisão.
Quantas Thainás existem no Brasil? Não precisamos de nenhuma estatística oficial para responder essa pergunta: muitas. Uma realidade triste, afinal, lugar de criança é na escola. Criança deve estudar, não trabalhar. Mas crianças como Thainá, que vende balas, precisam trabalhar para ajudar no sustento do lar. Caso contrário, não trabalharia.
Thainá vende balas no metrô de São Paulo e recentemente sua história viralizou nas redes sociais. Nem tanto pelo seu esforço para ganhar alguns trocados, pois não é coisa para ser exaltada. Mas por quem só de imaginar a filha no seu lugar sentiu uma dor no peito.
Um dia desses, Thainá estava na estação do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, quando um homem perguntou por que ela estava vendendo balas. Ele já devia imaginar a resposta: ajudar em casa.
Em seguida, Rogério perguntou quanto custava as balas que havia ali. Thainá não soube responder, então, o homem devolveu as balas para a sacola, uma por uma, até dar 20 reais em bala. Eis que ele dá para Thainá uma nota de 50 reais e diz para a menina chupar o restante das balas. Thainá agradeceu a gentileza e o homem falou: “Vai com Deus, menina”.
“Disse para ela ir para casa e não ficar por aqui”, relatou a passageira que registrou a cena.
Foi então que uma mulher que estava ao lado parabenizou Rogério por tamanha bondade e ele não conteve as lágrimas. Disse à mulher que tinha uma filha da mesma idade de Thainá, 12 anos, que a filha tinha tudo em casa e que não sabia da situação de Thainá, mas queria ajudá-la.
“Disse que assim que chegasse em seu local de trabalho, iria entregar uma balinha a cada pessoa de lá.”
“No dia a dia, podemos presenciar muitas Thainás e eu espero que haja muitos Rogérios também. Eu ganhei o meu dia com essa ação”, relatou a passageira.
O certo naquele momento
“Não compre mercadoria de criança para não incentivar o trabalho infantil”. Muitos devem pensar assim. Realmente não deveríamos, mas nem sempre é o certo a fazer. Ou melhor, é o que pode ser feito naquele momento para amenizar uma realidade dura. Isso não quer dizer que apoiamos o trabalho infantil: é mais uma necessidade (urgente!) do que um apoio.
Logo depois de comprar as balas de Thainá, Rogério falou pra menina ir embora para casa. Ele poderia ter comprado as balas e não ter falado mais nada, mas não. Ciente de que criança não deve trabalhar, deu um valor a mais para Thainá parar de trabalhar. Caso não tivesse comprado as balas e aconselhado a voltar para casa, certamente Thainá passaria mais horas no metrô: trabalhando.
Rogério fez o que podia naquele momento e que para ele era o certo a fazer. Não resolveu o problema da menina, mas nem podemos cobrar isso dele. Isso é um problema de Estado! O que fez foi um extraordinário ato de gentileza, de um pai que jamais gostaria de ver a filha no lugar de Thainá. O certo naquele momento.
Crédito da foto: Reprodução/Instagram @eternoromance