Uma parcela considerável dos custos de produção e de processos nas indústrias são advindos do consumo de energia elétrica. O uso adequado e eficiente de energia é uma estratégia essencial para acelerar a descarbonização na indústria global, pois além da redução dos custos de operação, possibilita que a indústria tenha uma atitude responsável e econômica no processo de produção, o que é algo bastante desejável na sociedade atual.
Atualmente este é um assunto relevante em discussões nos principais governos no mundo. Discutido na última COP28 (Conferência anual da ONU sobre o clima), em 2023, 45 países da África, Américas, Ásia e Europa reforçaram suas metas de duplicar a eficiência energética até 2030, aliado à meta de triplicar suas capacidades de geração de energias renováveis. De acordo com dados da Agência Internacional de Energia (AIE), estima-se que os investimentos em eficiência energética podem contribuir com cerca de 35% de redução das emissões acumuladas de CO2, podendo ter um impacto relevante no cumprimento das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris.
No Brasil, segundo o último Balanço Energético Nacional (BEM), publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o setor industrial representa uma parcela considerável do consumo de energia no país, sendo responsável por quase 32% do consumo em 2023. Dando a devida importância a este tema, o Ministério de Minas e Energia (MME), em parceria com empresas do setor industrial nacional, buscou por meio de programas, como o “PotencializEE” (Programa Investimentos Transformadores de Eficiência Energética na Indústria), impulsionar a eficiência energética nas indústrias. Tal programa tem como propósito promover eficiência energética em pequenas e médias indústrias por meio de assistência técnica e financeira, uma medida essencial para o alcance da meta de redução de 30% das emissões de gases de efeito estufa no setor industrial brasileiro até 2033.
Ao reduzir a demanda energética, as indústrias podem integrar mais facilmente fontes de energia renováveis, que são intermitentes e variáveis. A eficiência energética ajuda a balancear o uso de energia, tornando as operações industriais mais compatíveis com o fornecimento de energia renovável.
Além disso, de acordo com a AIE, com a implementação de práticas de eficiência energética, as indústrias podem cumprir as regulamentações ambientais de forma mais eficaz, evitando penalidades e se posicionando como líderes na transição energética para uma economia de baixo carbono. Indústrias que aderem a essas normas e certificações focadas em eficiência energética podem também demonstrar liderança e compromisso com a sustentabilidade, influenciando mercados internacionais e incentivando a adoção de práticas semelhantes em outros países. E ainda, empresas que demonstram compromisso com a sustentabilidade e eficiência energética atraem investidores que buscam alinhamento com princípios ambientais, sociais e de governança (ESG).
Portanto, neste contexto, é crucial que os governos continuem a fomentar políticas que incentivem e suportem práticas de energia eficientes. Investir em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias mais avançadas, além de estabelecer regulamentações que promovam a eficiência energética, são medidas essenciais para alcançar as metas definidas nos acordos internacionais.