Edna Gambôa Chimenes (*)
O Dia dos Avós, mais do que uma data para lembrarmos e estarmos presentes com essas pessoas que são tão especiais em nossa história, é momento de refletirmos sobre a importância da troca entre as gerações, os benefícios e como essa vivência auxilia na formação cultural, social e de caráter dos indivíduos. Em um mundo que muitas vezes valoriza o novo e o efêmero, os avós representam um elo com o passado, uma fonte de sabedoria e uma âncora de estabilidade e amor incondicional. Este dia nos oferece uma oportunidade para valorizar esses vínculos e reconhecer o papel vital que os avós desempenham em nossas vidas e na formação de nossa identidade.
Os avós são, frequentemente, as figuras que transmitem valores, tradições e histórias de família que de outra forma poderiam ser esquecidos. Eles são os guardiões da memória coletiva, oferecendo um senso de continuidade e pertencimento que é essencial para a formação de uma identidade sólida. As histórias contadas pelos avós não são apenas relatos do passado; elas são lições de vida, ensinamentos sobre resiliência, amor e superação. Esses relatos ajudam a moldar nosso caráter e a nos lembrar de que fazemos parte de algo maior do que nós mesmos, oportunizando um desenvolvimento emocional, cognitivo, cultural e social (de formação do cidadão).
Os avós desempenham um papel crucial no desenvolvimento emocional e social das crianças, possibilitando a abertura para novas ideias e conhecimentos. Mas os benefícios dos vínculos intergeracionais não se limitam apenas às crianças. Os avós também ganham com essas interações! A presença de netos pode trazer um renovado senso de propósito e vitalidade, ajudando a combater a solidão e o isolamento que muitas vezes acompanham a velhice. É uma espécie de ponte entre os avós e a internet, os smartphones, as gírias atuais e a vida da forma como acontece hoje. E essa conexão é bastante produtiva, fazendo com que os avós atualizem sua visão de mundo e não se sintam deslocados pela sociedade contemporânea.
Além disso, essa troca de conhecimento e experiências entre as gerações enriquece ambas as partes, promovendo um aprendizado mútuo que transcende as barreiras de idade. E isso acaba ajudando a afastar o sentimento de invalidade, tão comum em quadros de depressão na terceira idade. Outro ponto importante é o ato de brincar com os netos, que estimula o idoso a realizar atividades que fogem de sua rotina habitual e desafiam o corpo a se manter ativo e lúcido. Brincadeiras de movimentação beneficiam a circulação, a mobilidade e a coordenação, enquanto as brincadeiras de raciocínio lógico estimulam aspectos cognitivos como memória, linearidade de pensamento, associação de padrões e comandos mentais que costumam enfraquecer com o passar dos anos.
Em um contexto social mais amplo, os vínculos intergeracionais contribuem para a coesão social e a solidariedade. Eles ajudam a construir comunidades mais fortes e resilientes, onde o respeito pelos mais velhos e a valorização da experiência são normais. Em tempos de mudança e incerteza, a sabedoria acumulada dos avós pode oferecer orientação e perspectiva, ajudando a sociedade a navegar pelos desafios com uma visão mais equilibrada e informada.
Contudo, é importante reconhecer que nem todos têm a sorte de desfrutar de relações positivas com seus avós. Circunstâncias variadas, como distância geográfica, questões familiares ou perdas precoces, podem impedir esses vínculos. Nessas situações, é fundamental que outras figuras adultas, como tios, padrinhos ou mentores, possam preencher esse papel, oferecendo apoio e transmitindo valores e ensinamentos, além de toda a história e costumes familiares de cada um.
(*) Edna Gambôa Chimenes é graduada em Letras, Pedagogia e Tecnologia em Comunicação Institucional, mestre em Estudos de Linguagens e tutora dos cursos de Pós-Graduação na Área de Comunicação do Centro Universitário Internacional Uninter.