Você conhece alguém que nasceu com um propósito especial? Este é o caso de Juninho, um dentista que deixou a profissão para se dedicar à palhaçaria. Segundo ele, tudo ainda acaba em uma única missão: o sorriso. Há mais de 15 anos usando o nariz vermelho, o profissional do riso criou uma escola de palhaços, viajou por diversos estados dando treinamento e conheceu vários países com o circo. Ele contou ao Capital Notícia como foi trocar a odontologia pela vida de palhaço.
Aluizio Junior, conhecido como “Juninho” ou “Mocorongo”, seu nome de palhaço, disse que não foi rápido se encontrar na odontologia e depois na palhaçaria. Antes de entender que devia trabalhar com o sorriso, ele chegou a cursar agronomia por influência da família. No entanto, a aptidão para outra área falou mais alto e ele decidiu mudar a rota.
“Na verdade, meu sonho era ser jogador de futebol. E por ser muito novo, minha mãe não deixou eu ir embora pra São Paulo. Deu oportunidade pro Corinthians, enfim. Então foi um sonho que eu busquei até os 17 anos, almejar. Mas não tive sucesso. E eu fiquei meio perdido a respeito da vida e que profissão. Fazer e ser. Eu fui pra área da agronomia por conta da minha família, por causa do meu pai e minha irmã. Não gostei muito, aí me encontrei na odontologia”, contou.
Juninho explicou que o principal motivo para trocar de curso foi o desejo de ajudar o próximo e fazer a diferença na vida das pessoas de uma forma mais clara. “Eu queria fazer algo para ajudar o próximo. E a área da saúde é uma grande porta para abençoar outras pessoas através da odontologia”, disse.
Durante o curso de odontologia, ele também descobriu outra missão: ser palhaço e levar alegria. Ele participou de uma capacitação em Belo Horizonte, chamada Terra dos Palhaços, e decidiu conhecer o trabalho. Quando voltou, já não era apenas Juninho, mas também “Mocorongo”.
“O palhaço surgiu nesse todo, por curiosidade, fui fazer um curso em Belo Horizonte na Terra dos Palhaços, e me identifiquei com esse chamado de levar a graça de Deus. Me identifiquei com o riso, me identifiquei em levar alegria para as pessoas. Aí me encontrei”, lembrou.
A transição de dentista para a vida 100% dedicada à rotina de palhaço foi natural. Os trabalhos começaram a aumentar. Quanto mais falava sobre o que tinha aprendido e ministrava capacitações, mais era chamado para outras oportunidades.
“Chegou um momento em minha vida em que estava difícil conciliar as duas profissões, dentista e palhaço. Decidi viver uma vida com um propósito maior, que era a palhaçaria, que é o que mais amo fazer. Quando você faz o que ama, as portas se abrem, tudo dá certo, e é o que tem sido para mim e para minha família”, disse.
E para quem acha que é só palhaçada, a profissão de palhaço virou coisa séria. Ele e a esposa, Thaina Telles, também palhaça, a “Estrela”, aplicam diversas capacitações em empresas em todo Mato Grosso e fora do estado. “Hoje o palhaço para mim virou uma empresa, Estrela e Mocorongo. Prestamos serviços para outras empresas, formando novos voluntários para serem palhaços dentro das empresas e realizarem ações sociais. É muito gratificante ver como o palhaço tem transformado vidas. Além das empresas, trabalhamos com muitas igrejas, escolas, apresentações, espetáculos e oficinas de circo”, explicou.
Além de todos os treinamentos com a iniciativa privada que capacita seus próprios voluntários, ele administra desde 2010 a Escola de Palhaço da Operação SóRia. Um projeto que forma voluntários para visitar hospitais. Ao todo, mais de 100 pessoas já foram capacitadas para exercer o ofício sério que é ser palhaço. Mas não é qualquer palhaço, e sim, um palhaço profissional. O grupo soma dezenas de pessoas engajadas na missão de levar alegria aos hospitais e projetos sociais de Cuiabá e região metropolitana.
“O Sorria surgiu em 2010 com a proposta de levar o palhaço para dentro dos hospitais. Vamos para 15 anos de projeto, onde temos a Escola de Palhaço que capacita mais pessoas para ir aos hospitais com a gente. Os voluntários são os doutores da alegria nos hospitais de Cuiabá. Hoje temos portas abertas com sete hospitais, onde nossas equipes fazem escalas para atender. É uma forma de amenizar o sofrimento dos pacientes, familiares e todos no hospital, com a missão de levar alegria, esperança e fé. O palhaço transforma o ambiente por onde passa”, explicou.
Mas a história não termina aqui. O líder do grupo deseja oficializar a equipe como uma ONG, conseguir mais apoio e formar outros voluntários. “Os planos futuros incluem transformar o Sorria em uma ONG, ter nosso próprio espaço, o nosso cantinho da Operação Sorria. Temos sonhado com isso, um espaço físico para a Operação Sorria, como ONG, captando recursos para poder fazer muito mais e com excelência”, finalizou.
Você pode conferir o trabalhos do casal de palhaços no perfil do Instagram @estrelaemocorongo. E os do grupo que eles líderam no site www.operacaosoria.com.br.
Fonte: Capital Notícia