As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Em 2022, no Brasil, tivemos mais de 400.000 mortes relacionadas a problemas do coração e do sistema circulatório, sendo mais de 75% delas causadas ou por infarto ou pelo acidente vascular encefálico.
A hipertensão arterial, que ocorre quando os níveis pressóricos encontram-se acima dos valores normais, é o principal fator de risco para o surgimento das doenças cardiovasculares. Estima-se que ela acometa cerca de 35% da população brasileira na fase adulta.
A causa da hipertensão arterial é multifatorial, ou seja, depende de vários elementos:
1) Fatores genéticos hereditários e a idade estão fortemente relacionados com o desenvolvimento da doença. De acordo com estudos realizados, fatores genéticos podem influenciar na pressão arterial entre 30 e 50% dos casos.
2) Fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial temos o colesterol alto, dieta rica em sal, obesidade, tabagismo, sedentarismo e estresse.
Em 2002, o Congresso Nacional estabeleceu através da lei 10.439, que o dia 26/04 seria conhecido como o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. Com essa data, procurou-se estabelecer e desenvolver, em todo o território nacional, campanhas educativas de diagnóstico preventivo da hipertensão arterial e de doenças cardiovasculares em geral. Logo, a data foi adotada pelas sociedades médicas como uma forma de conscientização e alerta para a população em geral sobre os riscos e malefícios da hipertensão arterial, através de campanhas educativas, de palestras e entrevistas nos meios de comunicação.
Buscou-se também nesta data, estimular as pessoas a terem o hábito de verificar a sua pressão arterial. Foi constatado que uma boa parte da população não sabe se é portadora de hipertensão arterial, e isso ocorre porque muitas vezes a hipertensão arterial, principalmente na sua fase inicial, não apresenta sintomas, e, algumas vezes, apenas sintomas leves, tais como, dor de cabeça fraca, tonturas – o que leva o indivíduo a pensar muitas vezes em outra causa.
Observa-se com frequência, indivíduos com a condição conhecida como hipertensão silente, que ocorre quando esses passam anos sem ter conhecimento de que são portadores da doença, e, somente tomam ciência da situação, em uma consulta por outros motivos, muitas vezes em um exame admissional. E, devido à demora na descoberta, a doença já se apresenta em uma fase avançada com algumas sequelas relacionadas a ela, como: Insuficiência renal, acidente vascular encefálico ou infarto do miocárdio.
Acredita-se que até metade dos hipertensos não saibam que são portadores da doença.
O diagnóstico da hipertensão é simples, sem necessidade de procedimentos invasivos. Ele é feito em duas etapas: 1) em uma primeira consulta, mede-se a pressão arterial, com o paciente em repouso, posteriormente, em uma nova consulta, em data diversa da primeira, confirma-se após ser feita uma nova medida.
Os sintomas são variáveis, como uma dor de cabeça, náuseas, tontura, zumbido nos ouvidos e outros. Atualmente dispomos de um arsenal terapêutico para o seu tratamento que vão desde medidas não farmacológicas, como prática de atividade física, alimentação balanceada e controle de peso, até o uso de medicações. O tratamento vai depender dos níveis pressóricos do paciente e se ele possui alguma outra doença associada como o diabetes ou doenças renais.
Atualmente, sabemos que a prevenção é uma aliada no combate a hipertensão arterial. Estudos demonstram que a prática de atividade física reduz os níveis pressóricos, mas para que ela seja eficaz, o exercício deve ser feito de forma contínua, com duração de pelo menos 40 minutos e com uma frequência três a quatro vezes por semana. Os hábitos alimentares também são extremamente importantes. Uma dieta rica em sal fará com que os seus níveis pressóricos sejam muito altos, assim como uma alimentação rica em gorduras e frituras. Deve-se evitar a ingestão de alimentos processados e embutidos, devido ao alto teor de sódio e estimular uma dieta rica em frutas, verduras e com pouco sal.
Pessoas que têm histórico familiar da doença, ou seja, pais ou avós que são hipertensos, e, por isso, possuiriam uma maior probabilidade de virem a desenvolver a hipertensão, são extremamente beneficiados, caso adotem cuidados preventivos como a prática de atividade física, uso de uma dieta balanceada. Dessa forma, conseguiriam diminuir exponencialmente a probabilidade de manifestarem a doença. O que não ocorrerá com aqueles que não adotarem esses cuidados preventivos.
A medida da pressão arterial de rotina deve ser estimulada, não só para se descobrir a hipertensão arterial nos pacientes assintomáticos, mas, também, para se avaliar a eficácia da terapêutica naqueles pacientes que já fazem tratamento.
A prática da atividade física, a alimentação balanceada, a cessação do tabagismo e o controle dos níveis glicêmicos, são alguns fatores importantes para que você não faça parte dos mais de 50 milhões de brasileiros que sofrem de hipertensão arterial.
*Dr. Roberto Candia é Cardiologista e responsável pelos exames de tomografia e ressonância cardíaca do grupo IMEDI