Essa é mais uma das etapas do MultiCulturas, projeto de Yndira Villarroel que encerra em outubro com grande encontro musical em praça pública
Cuiabá tornou-se uma cidade de muitos sotaques e idiomas. Como não podia ser diferente, de ritmos também. É a cidade do rasqueado, lambadão e sertanejo e ainda, da kompa, joropo e da diversidade de vertentes do afropop.
Apostando na potência desse caleidoscópio cultural, a violinista Yndira G Villarroel idealizou um projeto que reúne em apresentações musicais, artistas brasileiros de diversas regiões do país e imigrantes que vivem na capital. A proposta foi aprovada no edital Viver Cultura e assim, recebe investimento do Governo de Mato Grosso via Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT).
No domingo (17), a partir das 16h, o Centro de Pastoral para Migrantes, no bairro Carumbé, sedia a segunda mostra do projeto MultiCulturas. Esta ação é realizada em parceria com a Associação de Defesa dos Haitianos Imigrantes e Migrantes em Mato Grosso (ADHIMI-MT). Antes, o projeto passou pelo espaço cultural Feitiço da Lua.
Segundo a musicista, o público vai ser contemplado com uma seleção musical que, além de repertório com músicas brasileiras, apresenta coletâneas dos países de origem dos imigrantes conectados ao projeto. “São muitos gêneros, estilos, ritmos e suingues”, conta. O formato será replicado no evento final.
“Assim, o público fará uma imersão sonora por vários lugares, aprendendo um pouco sobre a cultura desses artistas e podendo apreciar ainda, um repertório especial de música brasileira”. Este último, a encargo de Alaécio Martins (MG), Estela Ceregatti (MT), Alex Teixeira (SP), Samuel Barros (CE) e Sidnei Duarte (MT). Já os músicos imigrantes são Akane Iizuka (Japão), Herminio Nhantumbo (Moçambique), Malaquias Lopes (Guiné-Bissau), Frantzno Saint Victor (Haiti) e a própria Yndira, representando a Venezuela. O músico Jhon Stuart a apoia nos arranjos e produção musical.
A musicista destaca que a comunidade imigrante está crescendo e que a arte é uma ferramenta que tem poder de agregar. “É importante dar visibilidade aos imigrantes que trazem consigo uma bagagem cultural muito grande, tanto profissional quanto cultural. A música é um instrumento de integração”.
Causa social
Yndira conta que a maioria dos seus projetos, como realizadora, envolve os imigrantes. “Primeiro porque eu sou imigrante e sempre quis devolver ao Brasil o bem que me fez. Por outro lado, nossa comunidade está crescendo, então, quero dar oportunidade a quem está chegando, de ser protagonista desses projetos”.
A violinista tem grande contribuição à educação musical em Mato Grosso. Atualmente, além de ministrar aulas de música no Serviço Social da Indústria (Sesi-MT) e compor a orquestra da entidade, com suas ações, também foi uma das responsáveis pela inclusão de alunos imigrantes aos quadros do Instituto Ciranda.
Sua intenção é ampliar espaços aos “novos cuiabanos”. “Aos que se dedicam à arte da música, aos que querem se formar ou ainda, para sensibilizar os tomadores de decisões, do quanto é importante investir no ensino da arte na garantia da cidadania. Então, todos esses projetos são pensados para atender os menos favorecidos”, explica.
Música na escola e na praça
As ações do MultiCulturas vão contemplar ainda, no dia 17 de outubro, estudantes do período noturno da Escola Estadual Diva Hugueney de Siqueira Bastos. “Escolhemos esse período porque, normalmente, são alunos que estudam e trabalham e por isso, têm pouco acesso a bens culturais”. Dentro desta atividade, está prevista ainda a realização de uma palestra sobre imigração.
O MultiCulturas encerra no dia 31 de outubro com uma apresentação ampliada, em praça popular. A realizar-se a partir das 19h, na Praça Oito de Abril, deve aglutinar muita gente interessada nesse passeio por “cenários musicais” internacionais. Vale ressaltar, todas as ações do projeto contam com a presença de intérpretes de libras.
Segundo Yndira, antes de executar cada música, os imigrantes contarão um pouco sobre seus países de origem e sua história. Como se sabe, muitas pessoas tiveram que deixar seus lares, sua pátria, vítimas de conflitos sociais, econômicos e desastres naturais, por exemplo. A música é uma maneira de fortalecer a autoestima e cultivar as raízes.
Serviço
MultiCulturas
Apresentação musical no domingo, 17 de setembro, às 16h
Centro de Pastoral Para Migrantes
Av. Gonçalo Antunes de Barros, 2785 – Carumbé
Com assessoria