O Hospital Estadual Mário Covas (HEMC), em Santo André, gerenciado pela Secretaria de Estado da Saúde e a Fundação do ABC, acaba de alcançar importante conquista. Uma parceria firmada com o American College of Cardiology (ACC) – ou Colégio Americano de Cardiologia – tornou a unidade hospitalar uma das referências mundiais no tratamento de infarto agudo do miocárdio, atualmente a maior causa de mortes no Brasil.
Um dos primeiros hospitais públicos do país a consolidar o acordo com o órgão norte-americano, o ‘Mário Covas’ agora é oficialmente membro da Iniciativa Global de Tratamento de Ataques Cardíacos (GHATI) – ou The Global Heart Attack Treatment Initiative – desenvolvida por cardiologistas do ACC. A parceria também conta com a expertise e participação da disciplina de Cardiologia do Centro Universitário FMABC, em Santo André. Atualmente, serviços de 20 países integram o programa. Com isso, será criado um grupo multidisciplinar local responsável pelos treinamentos e capacitações.
Na prática, a unidade estadual integrará uma rede mundial de referência no tratamento de infarto, passando a contar com recursos de tecnologia da informação e ampla base de dados assistenciais para orientar melhorias no tratamento de infarto agudo do miocárdio. O foco do programa é o infarto na sua forma mais grave, aquele com supradesnivelamento do segmento ST (STEMI), pois exige tratamento imediato para restauração do fluxo sanguíneo pela artéria coronária obstruída. Quanto antes realizada, maior a probabilidade de sobrevida e mais rápida é a recuperação do paciente. Por ano, o HEMC realiza média de 550 cirurgias cardíacas e 2.500 cateterismos.
A nova parceria, consolidada no mês de julho, permitirá identificar possibilidades de melhorias no cuidado integrado e reduzir o tempo de acesso ao tratamento mais efetivo, com aplicação de diversas ferramentas de melhoria de qualidade e gestão ágil de projetos.
“Este acordo é mais uma ação de sucesso entre o Hospital Mário Covas, Fundação do ABC e Centro Universitário FMABC. O objetivo é aliar o alto conhecimento técnico-científico ao atendimento humanizado, garantindo uma cultura voltada ao cuidado e à segurança do paciente, com aplicação das melhores práticas e tecnologias disponíveis. O resultado esperado é a entrega de um cuidado inteligente”, disse o diretor-geral do HEMC, Dr. Adilson Cavalcante.
O professor titular da disciplina de Cardiologia da FMABC, Dr. Antonio Carlos Palandri Chagas, celebrou a nova parceria e destacou as atribuições assumidas a partir da assinatura do acordo. “É uma conquista de extrema relevância para as nossas equipes, que novamente fortalece a relação entre o hospital, o Centro Universitário FMABC e a Fundação do ABC. Agora, é trabalhar. Entre outras atribuições, precisaremos coletar dados para orientar a prática clínica dos pacientes admitidos com infarto e utilizar dados de melhoria contínua para promover mudanças e estabelecer novas diretrizes de tratamento”, explica o docente. As equipes também deverão compartilhar internacionalmente as tendências do manejo clínico e liderar programas de aprendizagens com outros membros do programa.
Benefícios
Criada em 2018, a iniciativa desenvolvida por cardiologistas do American College of Cardiology visa capacitar médicos e hospitais de todo o mundo para melhorar o cuidado cardiovascular dos pacientes, especialmente em países de média e baixa renda. Os dados assistenciais de todos os serviços integrantes do programa, aliados à experiência dos maiores especialistas mundiais na doença, enriquecerão a tomada de decisão clínica das equipes. O cruzamento das informações permitirá a realização de benchmarks, aprimoramento de protocolos assistenciais regionais, além de melhorar a qualidade do investimento público em saúde.
As instituições de saúde que integram o programa também passam a ter acesso a uma ferramenta inteligente e padronizada de coleta de dados; relatórios que avaliam a variação no desempenho e identificam lacunas no atendimento; suporte direcionado para implementar mudanças, além de acesso a conteúdo educacional para médicos e pacientes, com foco no aumento da conscientização sobre a importância da saúde vascular e da doença aterosclerótica.
Todos os dados enviados pelos participantes do programa passam por rígido processo de controle de qualidade. Já os dados dos pacientes são mantidos em sigilo, de acordo com as mais rigorosas técnicas mundialmente aplicadas na proteção de dados em saúde.
“Este era um sonho antigo da Cardiologia do ABC. A primeira reunião de trabalho aconteceu durante a posse do professor Chagas como ‘chair’ da Assembleia Internacional de Governadores do American College of Cardiology, em março, nos Estados Unidos. Após quatro meses de submissões e certificações com a Fundação do ABC, o Hospital Mário Covas passa a ser um dos primeiros hospitais públicos do Brasil a participar do GHATI. As análises permitirão melhorar a integração macroregional do equipamento e orientarão novos cursos e programas de extensão universitária”, disse o professor do Centro Universitário FMABC e consultor técnico assistencial da FUABC, Dr. Caio Cesar Ferreira Fernandes.
Segundo o Ministério da Saúde, o infarto agudo do miocárdio é a maior causa de mortes no país. Estima-se que, no Brasil, ocorram de 300 mil a 400 mil casos anuais de infarto e que a cada 5 a 7 casos, ocorra um óbito. Por isso, para diminuir o risco de morte, o atendimento de urgência e emergência, nos primeiros minutos, é fundamental para salvar uma vida.
Com assessoria