Pesquisadores, do Laboratório de Telecomunicações (LabTel) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), fizeram o primeiro teste com um robô que auxilia na terapia de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O Robô Castor foi desenvolvido na Colômbia e aqui no Brasil foi aprimorado por pesquisadores de robótica social.
Os brasileiros deram um toque mais humano ao equipamento, conseguindo reproduzir características físicas, concedendo a ele uma maior elasticidade e mobilidade.
Na ocasião, duas crianças com TEA interagiram com o robô e os resultados foram surpreendentes! Pesquisadores, mamães e papais ficaram muito otimistas com os avanços que vão beneficiar as famílias.
O Castor
O professor da Ufes e coordenador do projeto, Camilo Diaz, disse que essa estratégia faz parte da tecnologia Compliant Soft Robotics, uma tecnologia que permite controlar diversos comandos, como movimentação dos braços e pescoço.
Os olhos são simulados por um display, que permite ao Castor reproduzir expressões faciais de maneira simplificando, ajudando crianças com TEA que têm dificuldade de entender.
Feito com sensores de pressão de fibra óptica e impresso em uma impressora 3D no próprio Laboratório, o custo do castor é próximo de R$ 7,5 mil. Outros robôs já disponibilizados e utilizados em terapia de crianças com TEA chegam a custar R$ 65 mil.
Agora, com o primeiro teste finalizado, a previsão é que o Robô Castor esteja disponível no mercado por aproximadamente dois anos.
Além disso, Camilo e sua equipe também querem fazer contato com municípios e governos para estudarem a possibilidade do robô ser oferecido para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Resultados positivos
A expectativa era grande para ver o robô funcionando no Brasil pela primeira vez, uma vez que já foi testado no Chile, Colômbia e Inglaterra.
O dia finalmente chegou e aconteceu no Centro de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento do Espírito Santo (CPID), onde os pesquisadores vêm trabalhando no projeto.
Gael Almeida, de 2 anos, e Miguel Jorge Majeski da Silva, de 8, foram as duas crianças escolhidas para, pela primeira vez, interagirem com o Castor e os resultados foram os melhores possíveis!
Sara Christian Almeida, mãe do pequeno Gael, disse ter gostado muito da experiência.
“Foi boa porque ele não interage e houve momentos em que ele ficava olhando o robô piscar os olhos. Eu achei muito legal. Ele interagiu na hora da música e é bem difícil de interagir,” disse a mãe.
Sara afirmou que o filho tem dificuldade em fazer contato visual, mas que com o robô, apesar de agitado, a criança ficou curiosa.
Marcela Majeski, mãe do Miguel, afirmou que o filho está muito feliz com tudo.
“Foi uma surpresa porque ele é meio apático, tem um jeitinho agitado, mas não costuma se empolgar muito. Porém ele ficou muito empolgado e foi perceptível quando notou que os olhos do Castor se movimentavam e passavam uma expressão para ele”, ressaltou a mãe.
Marcela se disse encantada sobre como a ciência e tecnologia tem buscado alternativas para melhorar a vida das famílias de crianças com TEA, e disse que o Miguel já até pediu um Castor de presente!
Terapeuta acompanhou
Paula Bullerjhann é psicóloga e analista do comportamento. Atua com crianças e adultos com TEA, além de acompanhar Miguel desde que ele recebeu o diagnóstico.
A psicóloga esteve no CPID e acompanhou todo o processo, ao final do teste, ela destacou várias situações positivas.
“O Miguel é uma criança que tem poucos interesses em objetos. Então ver ele buscando o Castor e seguindo o olhar dele, foi muito interessante”, explicou a psicóloga.
Paula ressaltou a qualidade do Castor ser um robô de baixo custo.
“A intervenção com autismo é muito cara porque depende de muitas horas na psicologia. Quando temos a possibilidade de um robô de baixo custo que pode ensinar essas crianças a seguirem alguns comandos, desenvolver alguma atividade, isso possibilita uma qualidade de vida para elas e para as famílias”, disse.
Para o professor Camilo Diaz, professor da Ufes e coordenador do projeto, a emoção de ver as crianças e mães felizes com o resultado foi muito gratificante.
“Reforça que estamos em um bom caminho. Não tinha experiência em ter interação com as famílias. Estava na parte técnica. Foi impactante como eles se empolgaram em ver o que a gente está fazendo”, disse.
Ciência para problemas reais
Para a produção do Castor, os pesquisadores tiveram apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Camilo afirmou que investir em ciência é fundamental para que mais ações como essa aconteçam.
“Com o recurso que recebemos, foi possível fazer investimentos na aquisição de ferramentas para construir o robô. Ele chegou aqui basicamente em arquivos e a gente colocou no computador, fez a impressão e agora ele está funcionando”, disse o professor.
Quem também esteve presente no teste do robô que auxilia crianças com TEA foi Celso Saibel, diretor técnico-científico da Fapes, que comemorou a parceria entre a Universidade e a sociedade civil por meio de um projeto com muito peso social.
“É importante porque você vê o retorno dos investimentos em projetos tecnológicos e inovadores, que são aplicáveis diretamente na sociedade resolvendo problemas reais”, disse.
Por Só Notícia Boa – Com informações de Fapes e Universidade Federal do Espírito Santo.