O Conselho Consultivo da Reserva Particular do Patrimônio Natural Sesc Pantanal (RPPN Sesc Pantanal) se reuniu para a última reunião dessa gestão. O encontro contou com membros do colegiado e convidados que avaliaram as ações e projetos em andamento dentro da maior RPPN do país, com destaque para o pioneirismo da unidade em aplicar em sua gestão o conceito da conservação colaborativa.
A gerente-geral do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Cristina Cuiabália, destacou que, apesar de a legislação acerca das unidades de conservação vigente no Brasil não exigir a criação de um Conselho Consultivo para esta categoria (RPPN), o Sesc optou por criá-lo desde a criação da Reserva em 1997, considerando o caráter social da instituição. Ela citou os benefícios de se ter um grupo heterogêneo de pessoas e uma pluralidade de pensamentos para contribuírem com a gestão área, que é uma zona úmida classificada como local de importância ecológica internacional pela Convenção Internacional de Áreas Úmidas, ou Convenção de Ramsar.
“A reunião do Conselho é sempre um momento importante pra gente, onde somam-se muitas contribuições para a RPPN, para o Polo e, por sermos referência para todo o Sistema CNC-Sesc-Senac, para todo o Brasil. A RPPN Sesc Pantanal hoje é referência em pesquisa, inovação, é um rico campo de experimentação científica e tem o pioneirismo como uma de suas marcas. É sempre bom contar com vários agentes, com experiências e competências diversas nesse fórum, pois acreditamos em uma conservação feita com as pessoas”, comentou a gestora ao agradecer aos membros do conselho pela dedicação e contribuição.
Durante a reunião, a pesquisadora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), Sueli Furlan, falou sobre a atualização do Plano de Manejo da RPPN, que está em andamento, por meio de uma metodologia que envolve parceiros e as comunidades do entorno da reserva. “Esse é um novo paradigma que vem, nos últimos anos, entendendo que o processo de conservação deve ser feito por todos. Isso permite uma ação conjunta, com resultados possivelmente mais efetivos e duradouro, num processo de gestão e governança que ouve o território e age sobre ele de maneira democrática, envolvendo todos na conservação. O diálogo de saberes, a cocriação e a corresponsabilização são parte importante desse novo paradigma. E a RPPN Sesc Pantanal é pioneira no conjunto das RPPNS brasileiras a construir um plano de manejo com esse enfoque”, explicou a conselheira.
O representante do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e ponto focal da Convenção Ramsar no Brasil, Fábio Chicuta, destacou a importância ecológica, social e econômica das áreas úmidas e de se promover estudos para conhecer, manejar e proteger essas regiões de forma adequada. “A gente tem aqui na RPPN Sesc Pantanal um grande e bem-sucedido exemplo de como se faz isso. Participamos do Conselho, junto com outros especialistas, para apoiar da melhor maneira possível esse belo trabalho de gestão e manejo que vem sendo realizado. Esperamos que esse trabalho possa servir de exemplo para outras áreas protegidas do país, inclusive pra unidades de conservação públicas. Ficamos muito felizes de fazer parte desse projeto”, avaliou o conselheiro.
O caráter pioneiro da gestão e manejo da RPPN Sesc Pantanal também foi destacado pelo Coordenador do Programa de Sustentabilidade do Sistema CNC-Sesc-Senac, Mário Saladini. “Desenvolvemos aqui uma metodologia exemplar, que vai além das questões ambientais tradicionais pois é também uma metodologia de mobilização social e isso é fundamental para alcançarmos os resultados que queremos. Enquanto Departamento Nacional do Sesc, a gente tem como objetivo fazer com que essa experiência do Polo Sesc Pantanal extrapole para todo o Sistema, para que a gente amplie cada vez mais esse trabalho e essa visão de conservação ambiental de forma integrada e colaborativa para todo o Brasil”.
No encontro, foram apresentados ainda um panorama do projeto de recuperação de áreas da reserva atingidas pelos grandes incêndios de 2020; o andamento do Plano de Manejo Integrado do Fogo da RPPN Sesc Pantanal, que está em fase de conclusão; e da pesquisa “Onças pardas e pintadas em um mosaico de pantanais”, uma parceria do Sesc Pantanal com o Museu Nacional que, desde 2018, monitora os grandes felinos da área por meio de colares com GPS e uma rede de câmeras para coleta de dados.
Na segunda quinzena de abril, iniciam-se os trâmites para a nova formação do Conselho que passará a incluir também representantes de comunidades tradicionais e originárias do Pantanal. “Quanto mais diversidade tivermos, mais rico será esse processo e melhores serão os resultados. A RPPN é um exemplo do que pode ser feito quando diversos campos da sociedade se unem em prol da proteção e da conservação do Pantanal”, concluiu a gerente-geral do Sesc Pantanal, Cristina Cuiabália. A reunião aconteceu no dia 31 de abril, no Hotel Sesc Porto Cercado, em Poconé (MT).
RPPN Sesc Pantanal – A Reserva é uma iniciativa do Sistema CNC-Sesc-Senac criada em 1997 e gerida pelo Polo Socioambiental Sesc Pantanal que protege 108 mil hectares do bioma. Está localizada no município de Barão de Melgaço (MT) e possui cerca de 630 espécies de peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos já catalogados, entre eles, 25 espécies ameaçadas de extinção. Nesses 26 anos de existência, mais de 80 pesquisas nacionais e internacionais sobre o Pantanal foram realizadas na reserva, consolidando a área como um importante cenário de produção e compartilhamento de conhecimento científico sobre o bioma.
Com assessoria