Um remédio usado para tosse pode retardar o avanço da doença de Parkinson. As pesquisas com o medicamento Ambroxol entraram na terceira fase de testes.
Em 2022, o pesquisador Anthony Schapira, no Instituto de Neurologia Queen Square, da University College London, de Londres (Reino Unido) descobriu que o Ambroxol foi capaz de atingir efetivamente o cérebro das pessoas com diagnóstico de Parkinson e aumentar os níveis de uma proteína conhecida como GCase (glucocerebrosidase).
O Gcase permite que as células removam proteínas residuais, incluindo alfa-sinucleína (uma proteína que se acumula no Parkinson e é considerada importante em sua causa), de forma mais eficaz.
Assim, a equipe do professor Schapira descobriu que o Ambroxol poderia aumentar a remoção de alfa-sinucleína, o programa internacional Linked Clinical Trials (iLCT) priorizou a pesquisa do medicamento.
De acordo com o estudo, o Ambroxol é seguro para pessoas com Parkinson e também bem tolerado.
As pesquisas
Pesquisadores testam em 330 pessoas diagnosticadas com a doença o remédio Ambroxol, usado para tratar doenças respiratórias. O medicamento tem propriedades anti-inflamatórias e elimina o muco para aliviar a tosse.
A pesquisa é conduzida pelo professor Anthony Schapira. Há 10 anos ele se dedica ao estudo, que passou por duas outras etapas, todas relacionadas ao Parkinson.
“Estou muito feliz por liderar este projeto emocionante. Esta será a primeira vez que um medicamento aplicado especificamente a uma causa genética da doença de Parkinson atinge esse nível de teste e representa dez anos de trabalho extenso e detalhado em laboratório de teste clínico”, disse o pesquisador.
“Este estudo é resultado de contribuições valiosas de pessoas com Parkinson, líderes na área de Parkinson e um consórcio de financiadores todos operando com uma equipe eficaz para garantir que chegamos a esse estágio”, reagiu o cientista.
Mais testes
Nesta terceira etapa de pesquisas, denominada ASPro-PD, Schapira atua em em parceria com a instituição de caridade do Reino Unido, Cure Parkinson’s e Van Andel Institute.
O estudo envolverá 330 pessoas com Parkinson em 10 a 12 centros clínicos no Reino Unido. Para as pesquisas serão utilizados placebo e Ambroxol por dois anos.
“Estamos ansiosos para trabalhar com todos esses grupos para garantir a conclusão bem-sucedida do estudo”, afirmou Schapira.
A eficácia do Ambroxol será medida por sua capacidade de retardar a progressão do Parkinson usando uma escala que inclui qualidade de vida e movimento.
Vai custar 27 milhões
Will Cook, CEO da Cure Parkinson’s, entidade que atua especificamente na área de pesquisas da doença comemora os avanços dos estudos.
“Este estudo é um grande passo na busca de novos tratamentos para o Parkinson. Assim que o teste do Ambroxol estiver em andamento, será um dos apenas seis testes de Fase 3 de registro público de drogas potencialmente modificadoras da doença em Parkinson, em todo o mundo.”
Esta fase da pesquisa deverá custar cerca de £ 5,5 milhões (em torno de R$ 27,5 milhões) e conta com o financiamento da Cure Parkinson’s, do Van Andel Institute e da John Black Charitable Foundation (JBCF).
Também participam com apoio do projeto a Parkinson’s Virtual Biotech, empresa que desenvolve medicamentos da Parkinson’s UK.
Com informações de UCL e do Cure Parkinson’s
Por Renata Giraldi – Só Notícia Boa