Entre junho e agosto deste ano, Várzea Grande registrou 169 focos de calor, número 46,8% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado
Entre junho e agosto deste ano, Várzea Grande registrou 169 focos de calor, número 46,8% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, em que funciona o PreviQueimadas, parceria para combate aos focos de calor firmada entre a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEMMADRS), e o 2º Batalhão de Bombeiros Militar. Do total de focos, apenas 9 foram de grandes proporções, sendo identificados pelo satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Os incêndios foram deflagrados em mais de 60 bairros, sendo a maior parte no Jardim dos Estados (10 ocorrências), Jacarandá (7) e São Mateus e Jardim Aeroporto (6 ocorrências cada). O período vespertino é quando as pessoas mais ateiam fogo irregularmente.
“Os focos de calor não necessariamente se traduzem em queimadas. Isso porque a grande questão do PreviQueimadas é combater o fogo no início e o satélite acaba nem pegando”, explica o comandante do 2º BBM, tenente-coronel bombeiro Rafael Ribeiro Marcondes. Segundo ele, como nem sempre as pessoas denunciam as queimadas através do 193, a corporação tem adotado a prática de fazer rondas preventivas nos bairros da cidade para localizar focos logo no início e, além disso, reprimir a prática.
“As rondas acontecem todos os dias pela manhã e à tarde, que são os períodos mais críticos. Nossas ações de prevenção, ostensividade com a presença nas ruas para inibir e os combates feitos de forma imediata foram fatores que refletiram na queda de casos no município. Se a gente pegar Mato Grosso como um todo, houve aumento de 15% e no Cerrado de Mato Grosso, que é o bioma que Várzea Grande está inserida, o aumento foi de 3,6%.”, afirma o comandante.
O tenente-coronel Marcondes avalia positivamente a parceria com a Secretaria de Meio Ambiente, que tem dado resposta à grande maioria dos chamados de combate às queimadas urbanas. “Assim como no ano passado a Prefeitura deu um suporte fantástico, este ano foi da mesma forma. A gente observa que mais da metade dos atendimentos foram feitos pelo PreviQueimadas, que funciona de segunda a sexta, 10 horas por dia. À noite e aos finais de semana, quem atende é a guarnição”, explica.
Para o secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável, Célio Santos, o trabalho em conjunto com o Corpo de Bombeiros tem beneficiado a população várzea-grandense e o meio ambiente. “Os números apresentados mostram que o PreviQueimadas tem cumprido seu objetivo, que é o combate ao fogo logo no início. Isso evitou e tem evitado que as queimadas urbanas se transformem em incêndios de grandes proporções e, consequentemente, estamos preservando a vida, a fauna, a flora e a qualidade do ar”, avalia.
Por meio do PreviQueimadas, a SEMMADRS cede ao Corpo de Bombeiros, pelo período de estiagem (entre junho e outubro), duas caminhonetes Amarok com equipamentos de combate ao fogo, um caminhão-tanque e dois servidores para auxiliar os bombeiros nas ocorrências. Uma base encontra-se no quartel do 2º Batalhão e outra na Alameda Júlio Muller.
O técnico em agropecuária da SEMMADRS, Wilson Márcio, tem atuado junto aos bombeiros diretamente no combate ao fogo. Para isso, ele passou por um treinamento de formação de brigada florestal, oferecido pelo próprio 2º BBM. “A experiência é gratificante e, ao mesmo tempo, entristecedora porque a gente vê macaquinhos pegando fogo, filhotes de animais correndo. Infelizmente, a gente sabe que o causador de tudo isso não é a natureza em si, é a natureza humana”, afirma.
Para o mês de setembro, o comandante do 2º BBM informa que a previsão ainda é de seca e alerta em relação às queimadas. “Em setembro não chove ainda. Então, quanto mais tempo sem chover, a tendência é a situação se agravar. Vamos continuar com o mesmo planejamento. Quando necessário, vamos acionar o nosso plano de chamada de reforço operacional”, diz.
Marcondes destaca que Mato Grosso é referência mundial em gestão de incêndios florestais. “Só que de nada adianta a gente ter toda uma estrutura, ter recursos e equipamentos, se a sociedade não fizer a sua parte. É uma responsabilidade de todos. Vencer esse desafio passa por um processo longo de educação, de mudança de cultura”, avalia.