
Evento reúne pesquisadores, mineradores e empresas para mostrar que tecnologias limpas já funcionam e podem substituir o mercúrio de forma eficiente
A Expominério 2025 iniciou nesta quinta-feira (27.11) uma das discussões mais sensíveis e estratégicas da mineração brasileira: a substituição definitiva do mercúrio nos garimpos. A programação especial “Mercúrio: Olhando Juntos para o Futuro” foi estruturada para derrubar mitos, apresentar tecnologias já disponíveis no mercado e aproximar mineradores que estão em fases diferentes da transição para métodos mais limpos.
A diretora de pesquisa do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues, destacou que o tema permanece cercado de dúvidas, receios e desinformação, mesmo com a existência de equipamentos e processos capazes de eliminar o uso do mercúrio sem perda de produtividade. Ela explica que muitos garimpos ainda veem a mudança como algo complexo, caro ou inviável, quando na prática as experiências no Brasil, especialmente em Mato Grosso, mostram o contrário.
“A gente vai ter oportunidade de mostrar que existem alternativas funcionando, com resultado real. É importante tirar o assunto da polêmica e discutir com franqueza o que já deu certo e como avançar”, afirmou.
O evento também vai promover a aproximação entre garimpeiros que ainda dependem do mercúrio e operadores que já migraram para modelos limpos. A proposta é mostrar como se deu a transição, quais tecnologias foram adotadas, quais obstáculos surgiram e como cada operação conseguiu se adaptar, criando um ambiente de troca que permite enxergar a mudança como um processo possível. Segundo Larissa, trazer essas experiências para o centro do debate ajuda a romper preconceitos e impulsionar soluções mais modernas.
“Não é só falar de política ou regulação. É mostrar o mundo real, ouvir quem já fez e apresentar alternativas concretas para quem quer dar o próximo passo”, disse.
Um dos pontos que reforçam essa mudança vem dos dados levantados pelo Certimine, empresa que audita operações de ouro no Brasil. O diretor executivo, Eduardo Gama, acompanha desde 2022 a adoção de métodos sem mercúrio em diferentes estados e afirma que Mato Grosso avançou mais rápido do que outras regiões. Para ele, a resistência não está ligada à rejeição ao tema, mas à dificuldade de acesso a tecnologia, financiamento e informação.
“No Pará, a adesão praticamente não ocorreu. Já em Mato Grosso, a mudança foi natural. O que falta não é vontade: é estrutura para que os mineradores tenham condições reais de fazer a transição”, explicou.
Eduardo ressaltou que abandonar o mercúrio não significa apenas trocar um insumo por outro, mas modernizar toda a cadeia de beneficiamento. Ele lembra que os métodos gravimétricos, apesar de muito usados, têm limitações, e que o estado precisa avançar para tecnologias mais robustas se quiser liderar essa pauta.
“Estamos trazendo empresas internacionais com métodos eficientes e consolidados. Não basta substituir: é preciso garantir maior recuperação de ouro e evitar a geração de novos passivos”, observou.
Ao abrir espaço para conversas diretas entre quem produz e quem desenvolve tecnologia, a Expominério consolida sua imagem como fórum capaz de qualificar o debate e direcionar o setor para práticas mais seguras, eficientes e ambientalmente responsáveis.
A feira segue até sexta-feira (28.11) com outras atividades voltadas para modernização da mineração e fortalecimento de práticas sustentáveis no país.
BS COMUNICAÇÃO/ASSESSORIA DE IMPRESA EXPOMINÉRIO