
Brasília passa a contar com um novo instituto criado para fortalecer o atendimento, o acolhimento e as oportunidades de desenvolvimento de pessoas com Síndrome de Down. A iniciativa nasce em um momento em que o país registra uma estimativa de 300 mil indivíduos com a condição, segundo dados amplamente citados pelo IBGE. A incidência média é de um caso a cada 700 nascimentos, o que reforça a importância de políticas e estruturas de apoio.
A capital federal se torna referência ao inaugurar um espaço focado em orientação, formação e integração social. A proposta do MoT21 é ajudar famílias, educadores e profissionais que acompanham o desenvolvimento de crianças, adolescentes e adultos com a condição, garantindo informação acessível e suporte organizado.
“O Instituto MoT21 existe para que nenhuma família se sinta sozinha e para que toda pessoa com neurodiversidade tenha acesso a desenvolvimento, acolhimento e oportunidades reais. Transformamos cuidado em pertencimento e inclusão em prática diária: disse Daniel Resende, vice-presidente do instituto, em entrevista ao Só Notícia Boa.
Daniel conhece a fundo a questão porque teve um filho com Down, o Miguel, que partiu cedo, aos 4 anos, vítima de erro médico num hospital particular de Brasília. O Ministério Público do Distrito Federal denunciou dois pediatras pela morte do menino, que deu entrada com um quadro de diarreia e morreu dias depois, em 2019.
E o instituto, que tem Daniel na vice-presidência, surge com uma missão clara: transformar cuidado em pertencimento e inclusão em prática constante. A ideia é que nenhuma família se sinta isolada e que todas as pessoas com neurodiversidade encontrem caminhos reais de participação e crescimento.
O MoT21 terá como um dos pilares a qualificação de profissionais e apoiadores. Estão previstos cursos, oficinas e treinamentos para professores da educação básica e especial, cuidadores, familiares, trabalhadores da saúde e profissionais de assistência.
Acompanhamento e apoio às famílias
Serão oferecidos materiais acessíveis, como cartilhas, vídeos, podcasts e conteúdos organizados por QR Codes com orientações práticas para o dia a dia. A formação contará com certificação reconhecida, permitindo ampliar a capacidade das redes de atendimento — tanto pública quanto privada — para garantir inclusão real em vez de apenas matrícula formal.
Outro eixo central do MoT21 será o suporte direto a famílias de pessoas com Síndrome de Down. O instituto oferecerá grupos de acolhimento e espaços de escuta, além de orientação sobre acesso a terapias e serviços garantidos por direito.
Haverá também modelos de rotina, recursos de comunicação alternativa e sugestões de estímulos que podem ser aplicados dentro de casa.
O foco é fortalecer a família como núcleo de cuidado e referência, reduzindo sobrecarga e situações de isolamento que ainda são comuns no cotidiano de muitas pessoas.
Programas de inclusão e convivência social
A nova instituição também desenvolverá atividades que promovem convivência e integração comunitária. Entre as ações previstas estão atividades físicas inclusivas, como programas de pedal, natação e circuitos recreativos, além de esportes adaptados.
Serão organizados eventos de convivência para criar vínculos e estimular experiências coletivas.
Outra frente será a articulação com empresas para incentivar a inclusão produtiva e profissional, ampliando oportunidades no mercado de trabalho.
Participação aberta
Podem participar pessoas que desejam apoiar os projetos, doar recursos ou acompanhar as iniciativas divulgadas nas redes e pela imprensa. Famílias interessadas em orientações ou atividades também podem acessar os canais informados pelo instituto.
O MoT21 já está em atividade desde o último dia 08 de novembro.
Monique de Carvalho