
Desde que o termo “Inteligência Artificial” (IA) foi cunhado em 1956, na conferência de Dartmouth College nos Estados Unidos, sua aplicação na medicina tem percorrido um caminho de constante inovação, transformando radicalmente o diagnóstico, o tratamento e a gestão da saúde.
Os primeiros passos foram dados já em 1963, com a proposta de sistemas de apoio clínico. A década de 1970 marcou o surgimento dos sistemas especialistas, como o célebre MYCIN, desenvolvido na Universidade de Stanford. Focado no diagnóstico de infecções bacterianas e na prescrição de antibióticos, o MYCIN demonstrou, em testes, um desempenho superior ao de médicos da época, pavimentando o caminho para outras ferramentas como PROSPECTOR.
As décadas de 1980 e 1990 viram a IA na medicina evoluir com o avanço da capacidade computacional e a digitalização dos dados clínicos. A integração com prontuários eletrônicos e o uso de linguagens de programação mais sofisticadas permitiram o desenvolvimento de técnicas de aprendizado e representação do conhecimento mais complexas.
Contudo, foi nas últimas duas décadas que a IA realmente decolou no setor da saúde. A popularização do “big data” e os avanços exponenciais em aprendizado de máquina (machine learning) e aprendizado profundo (deep learning) revolucionaram as aplicações médicas. Hoje, algoritmos são capazes de analisar vastos volumes de dados, realizar diagnósticos por imagem com precisão superior à humana – como na detecção precoce de câncer –, apoiar a medicina personalizada e acelerar o desenvolvimento de novos medicamentos.
A pandemia de Covid-19, em particular, evidenciou o papel crucial da IA na detecção rápida, no monitoramento epidemiológico, desenvolvimento das vacinas e na gestão hospitalar, acelerando ainda mais sua adoção prática em escala global.
Apesar dos progressos notáveis, a jornada da IA na medicina ainda enfrenta desafios significativos, incluindo a garantia da qualidade dos dados, questões éticas, privacidade do paciente e a aceitação clínica por parte dos profissionais de saúde. Portanto, a trajetória da IA na medicina, desde seus primórdios até as aplicações modernas, construiu uma base sólida para inovações contínuas, como o telemonitoramento e as consultas médicas a distância, prometendo um futuro onde a tecnologia e a saúde caminham cada vez mais lado a lado para um cuidado mais eficaz e personalizado.
(*) VICTOR SANO é Radio-Oncologista com atuação na Oncomed-MT e Professor Universitário da UNIVAG e Mestre em Educação em Saúde.
Com Victor Sano