Construção sustentável avança no Brasil, revela pesquisa global

Apesar de estar entre os países que mais valorizam a construção sustentável, o Brasil enfrenta um paradoxo revelador: 79% dos profissionais do setor consideram o tema uma prioridade, mas apenas 9% se sentem suficientemente informados para colocá-lo em prática.

A constatação vem da terceira edição do Barômetro da Construção Sustentável, estudo global conduzido pela Saint-Gobain em parceria com a Occurrence-Ifop, que ouviu mais de 4 mil stakeholders (ou público especializado: profissionais da construção, estudantes, representantes públicos e membros de associações), além de 27 mil cidadãos em 27 países. Lançado em 2023, o levantamento mapeia anualmente percepções e tendências sobre sustentabilidade no setor da construção, arquitetura e urbanismo – e, nesta edição, traz a opinião da população em geral pela primeira vez, além dos profissionais.

A nível global, o levantamento revela que 67% dos stakeholders afirmam ter domínio sobre o conceito de construção sustentável — número que sobe para 69% no Brasil. O estudo, no entanto, alerta para a dificuldade de transformar esse alto grau de conscientização em ações concretas, com destaque para as barreiras ligadas à formação técnica e ao acesso à informação.

As conclusões são claras: é hora de agir. Para que a construção sustentável se torne a norma, ela precisa não apenas ser melhor compreendida, mas também estar alinhada às expectativas de cidadãos e profissionais. Suas vantagens concretas em conforto, saúde e bem-estar ainda são subestimadas. Para avançarmos, é fundamental adotar uma abordagem ampla, sensível às realidades locais”, afirma Benoit Bazin, Chairman e CEO global da Saint-Gobain.

Brasil: consciência alta, mas falta capacitação

O Brasil aparece como um dos destaques da edição 2025 por seu alto grau de mobilização em torno da construção sustentável. Entre os cidadãos brasileiros, 50% conhecem o conceito — bem acima da média global de 38% —, e 76% o consideram uma prioridade.

Contudo, o País apresenta o índice mais baixo de informação entre os países pesquisados: apenas 9% dos stakeholders se sentem suficientemente preparados para lidar com o tema na prática, figurando abaixo da média global de 28%. O dado indica que o país precisa avançar em educação, capacitação técnica e acesso à informação, para que a sustentabilidade saia do discurso e se concretize nas obras.

Outro ponto que se destaca no Brasil é a associação entre construção sustentável e uso de materiais ecológicos — a definição mais citada por 42% dos stakeholders e 54% dos cidadãos. A preocupação com a saúde e o bem-estar dos ocupantes ainda não é diretamente relacionada ao tema e o foco ainda está limitado à eficiência energética.

Quando perguntados sobre as ações prioritárias para acelerar a construção sustentável, os brasileiros destacam a necessidade de aumentar a visibilidade e a transparência sobre o desempenho sustentável das construções (37%) e ampliar a conscientização pública (35%). Já os cidadãos também apontam a competitividade dos materiais como um fator-chave (35%).

Outro dado relevante: enquanto no cenário global os arquitetos e engenheiros são vistos como os principais agentes de transformação, no Brasil o protagonismo recai sobre as empresas privadas do setor da construção, apontadas como as mais legítimas por 53% dos stakeholders.

O estudo nos dá uma visão clara de onde estamos e para onde devemos ir em termos de construção leve e sustentável. Ele nos ajuda a entender não só os desafios, mas também as oportunidades de avanço nessa frente em diferentes regiões do mundo, oferecendo uma visão estratégica global e local. Acreditamos em um crescimento que gera impacto positivo para o mundo”, destaca Javier Gimeno, Vice-Presidente Sênior e CEO Latam da Saint-Gobain.

Por assessoria