Ultrassom de pele: um aliado silencioso no diagnóstico do câncer cutâneo

Adriana Costa*

Quando falamos em câncer de pele, a primeira recomendação que vem à mente é a avaliação dermatológica. E, de fato, o exame clínico é fundamental. Mas o que muitas pessoas ainda não sabem é que o ultrassom de pele tem se mostrado uma ferramenta cada vez mais importante no diagnóstico, estadiamento e até no planejamento do tratamento desse tipo de câncer.

O câncer de pele é o mais comum no Brasil e no mundo, sendo resultado do crescimento anormal e descontrolado das células da pele. Ele pode se manifestar de diferentes formas  do tipo não melanoma, geralmente menos agressivo, ao melanoma, mais raro, mas com alto potencial de disseminação se não tratado precocemente.

Com o avanço da tecnologia na medicina diagnóstica, o ultrassom de alta frequência tornou-se um importante aliado na avaliação das lesões cutâneas suspeitas. E por que ele é tão relevante? Porque permite visualizar a profundidade, extensão e características internas da lesão, ajudando o médico a diferenciar um tumor com características benignas de um potencialmente maligno.

O exame é realizado com transdutores específicos de alta resolução normalmente entre 20 e 70 MHz  que possibilitam uma visualização extremamente detalhada das camadas da pele e estruturas subcutâneas. Ele é totalmente indolor, não invasivo e pode ser feito em diferentes partes do corpo, inclusive em áreas delicadas como rosto, couro cabeludo e orelhas.

A ultrassonografia cutânea não substitui a biópsia  que ainda é o padrão ouro para confirmação do diagnóstico — mas é muito útil para mapear a lesão antes do procedimento cirúrgico, indicar se há comprometimento de camadas mais profundas ou estruturas próximas, e acompanhar o paciente após o tratamento, verificando possíveis recidivas.

Outra vantagem do ultrassom é que ele permite a avaliação em tempo real, sem exposição à radiação, o que o torna ainda mais seguro, inclusive em pacientes que necessitam de acompanhamento frequente.

No contexto do câncer de pele, a palavra-chave é sempre a mesma: prevenção.Usar protetor solar, evitar exposição excessiva ao sol e observar mudanças na pele são atitudes essenciais. Mas ao perceber qualquer alteração suspeita como pintas que crescem, mudam de cor ou apresentam sangramento  é hora de procurar um especialista e, se necessário, incluir o ultrassom de pele como parte da investigação.

A tecnologia está a nosso favor. E quando usamos todas as ferramentas disponíveis com precisão, aumentamos as chances de um diagnóstico precoce, um tratamento mais eficaz e um futuro com mais saúde e tranquilidade.

*ADRIANA COSTA é médica radiologista, especialista em radiologia pediátrica, integra as equipes do Hospital do Câncer, Idapi e Cadim