Caio Queiroz*
O que faz uma pessoa feliz? Dinheiro no banco, carrão, casa própria, saúde ou família? Esse ponto de vista depende da visão e percepção de cada um. Mas, e quando essa análise envolve a felicidade de um país? Quais são as variáveis que pesam para medir esse sentimento? Crescimento econômico, apoio social, expectativa de vida saudável, liberdade, meio ambiente?
De acordo com o Relatório Mundial da Felicidade, divulgado pela ONU, que traz um panorama sobre os países mais felizes do planeta, o Brasil ocupa a 44ª posição. Isso mostra que sua abordagem em relação à qualidade de vida e bem-estar tem se mantido eficaz.
O brasileiro é visto como um povo feliz, mas ainda há muito a resolver para que essa felicidade seja duradoura. Para isso, a sustentabilidade pode ser uma base sólida para alcançar um nível mais elevado de bem-estar e felicidade. Você deve estar se perguntando como ela pode trazer felicidade. Te explico, levando em conta minha experiência de 26 anos lidando com sustentabilidade: Se você vive em uma região na qual tem acesso à água potável, esgoto, a cidade ou o bairro onde mora vivem limpos e organizados, com uma coleta de lixo bem executada, reciclagem de resíduos contribuindo para a preservação do meio ambiente, entre outros fatores, a sensação de bem-estar aumenta e traz felicidade.
No cenário contrário, se a região for poluída, mal cuidada e não oferecer uma boa infraestrutura, o estresse aumenta, contribuindo para a insatisfação e infelicidade no viver.
Nos últimos tempos, tenho acompanhado a força da sustentabilidade como indutor da felicidade em um trabalho intenso feito no arquipélago de Fernando de Noronha, com a implementação de várias ações sustentáveis que ajudam a melhorar a qualidade de vida da população. A região vive do turismo e, para que o atendimento seja muito bem executado, as pessoas que trabalham nele e habitam na região precisam estar felizes.
O Brasil é enorme, com muitas regiões com características diferentes, mas com demandas muito parecidas em relação à adoção de ações sustentáveis que podem elevar a felicidade. Quero mostrar na prática que a correlação entre essas duas premissas realmente surte efeitos positivos. Estou de malas prontas para ir conhecer in loco a aplicação do Índice Bruto de Felicidade no Butão e trazer essa metodologia para o Brasil.
O desafio será imenso, pois minha intenção é justamente fazer a integração entre essa metodologia com uma plataforma de sustentabilidade e implementar passo a passo em Fernando de Noronha. A região pode ser considerada uma “mini-Brasil”, com os mesmos problemas que várias cidades enfrentam atualmente, por isso a escolhi como primeira parada dessa nova empreitada.
Um povo feliz vive melhor, produz melhor e cuida de seu país. Então, por que não ajudar a proporcionar felicidade? É um direito de todos.
*Caio Queiroz é CEO da Aguama Ambiental