Imunoterapia: novo estudo traz resultados promissores no combate ao câncer de cabeça e pescoço

Estudo traz esperança de nova opção de tratamento para pacientes; Oncologista comenta perspectivas para o futuro e sinaliza uma mudança promissora no manejo da doença

Após duas décadas sem avanços significativos no tratamento do câncer de cabeça e pescoço passível de cirurgia, esse cenário pode estar prestes a mudar, graças a um novo estudo clínico que apresenta resultados promissores com o uso de imunoterapia. O KEYNOTE-689, realizado pela MSD, revelou que o medicamento imunoterápico KEYTRUDA® (pembrolizumabe) melhorou a sobrevida livre de eventos (EFS) em pacientes que passaram por cirurgia para remover tumores localmente avançados, sinalizando um grande marco.

Isabella Favato, oncologista da Oncoclínicas, destacou a relevância do estudo: “Após tanto tempo, finalmente temos um avanço significativo para pacientes que precisam de cirurgia para tratar o câncer de cabeça e pescoço. O comunicado preliminar do estudo indica que o tratamento apresentou resultados encorajadores, reduzindo o risco de recorrência da doença e oferecendo uma nova perspectiva para essa parcela de pessoas com a doença”.

O estudo envolveu 704 pacientes com câncer de cabeça e pescoço em estágios localmente avançados, que foram tratados com pembrolizumabe antes da cirurgia (como terapia neoadjuvante) e, posteriormente, receberam imunoterapia (como terapia adjuvante), radioterapia, com ou sem a adição de quimioterapia. Esses resultados foram comparados ao tratamento padrão de cirurgia, seguida de radioterapia com ou sem quimioterapia. Os achados mostraram que os pacientes que receberam o medicamento tiveram uma sobrevida sem progressão da doença significativamente maior e uma resposta patológica superior, sugerindo um impacto positivo na forma como esses tumores podem ser tratados no futuro.

“Este é o primeiro estudo que avalia o papel da imunoterapia em pacientes com cânceres de cabeça e pescoço que ainda estão em estágios mais iniciais, potencialmente curáveis pela cirurgia. Até agora, o uso da imunoterapia era restrito a casos mais avançados, como tumores metastáticos ou recorrentes. Por isso, os dados sugerem que estamos diante de uma nova abordagem, com potencial para transformar o tratamento de pacientes submetidos à cirurgia, oferecendo uma chance maior de controle da doença e melhores desfechos clínicos”, ressalta a oncologista.

Perspectivas para o futuro

Embora os resultados sejam promissores, é importante reconhecer que a pesquisa ainda se encontra em uma fase inicial de divulgação, e uma análise mais abrangente dos dados será necessária. “É fundamental enfatizar que ainda estamos na fase preliminar da análise dos resultados, e a adoção desse tratamento na prática clínica pode levar algum tempo até que tenhamos evidências robustas e consolidadas. Estamos acompanhando esses desenvolvimentos com muito otimismo”, explica Favato.

A imunoterapia, já amplamente utilizada em tumores como os de pulmão e mama, agora demonstra seu potencial também para esses tipos de câncer. “Esse estudo é o primeiro que traz a imunoterapia para o tratamento do câncer de cabeça e pescoço passível de cirurgia. Dados como esse podem transformar nossa abordagem no futuro, especialmente em termos de tratamento personalizado e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Esse avanço sinaliza uma mudança promissora no manejo da doença”.

A médica da Oncoclínicas enfatiza, contudo, que resultados mais detalhados da pesquisa ainda precisam ser divulgados para que seja possível avaliar prazos para uma efetiva adoção dessa alternativa na prática clínica.

O que é o câncer de cabeça e pescoço?

O câncer de cabeça e pescoço é o quinto tipo de tumor mais comum tanto no Brasil quanto no mundo, impactando áreas como a boca, cavidade oral, faringe e laringe. Tradicionalmente, essa doença é amplamente associada ao consumo de tabaco e álcool, fatores que continuam a ser grandes vilões no desenvolvimento da neoplasia. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que entre 2023 e 2025 cerca de 58 mil novos casos sejam diagnosticados a cada ano do triênio.

Nos últimos anos, no entanto, outro fator de risco tem se mostrado preocupante: a infecção pelo vírus HPV, conhecido principalmente pela sua associação ao câncer do colo do útero. Essa infecção, que pode ser prevenida por meio da vacinação disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), tem sido vinculada ao aumento dos diagnósticos de câncer na garganta, incluindo a orofaringe.

“A doença atinge uma variedade de pacientes e apresenta diferentes tipos de tumores. Porém, quando diagnosticada precocemente, a taxa de cura pode chegar a 90%, o que reforça a importância da conscientização e de exames regulares”, comenta Favato.

Os principais sinais de alerta incluem feridas persistentes na boca, rouquidão prolongada, dificuldade para engolir e nódulos no pescoço. “Esses sintomas podem ser facilmente confundidos com outras condições benignas, então a duração deles é essencial para a investigação”, finaliza.

Sobre a Oncoclínicas&Co 

Oncoclínicas&Co é o maior grupo dedicado ao tratamento do câncer na América Latina, com um modelo especializado e inovador focado em toda a jornada do tratamento oncológico, aliando eficiência operacional, atendimento humanizado e especialização por meio de um corpo clínico composto por mais de 2.700 médicos especialistas com ênfase em oncologia. Com a missão de democratizar o tratamento oncológico, oferece um sistema completo que integra clínicas ambulatoriais a cancer centers de alta complexidade. Conta com 142 unidades em 39 cidades brasileiras, permitindo acesso de qualidade em todas as regiões que atua, alinhados aos padrões dos melhores centros de referência mundiais no tratamento do câncer.

Com foco em tecnologia, medicina de precisão e genômica, a Oncoclínicas realizou aproximadamente 635 mil tratamentos em 2023. É parceira exclusiva no Brasil do Dana-Farber Cancer Institute, afiliado à Faculdade de Medicina de Harvard, um dos principais centros de pesquisa e tratamento de câncer no mundo. Possui a Boston Lighthouse Innovation, especializada em bioinformática, em Cambridge, Estados Unidos, e participação na MedSir, dedicada ao desenvolvimento e gestão de ensaios clínicos para pesquisas independentes sobre o câncer, em Barcelona, Espanha. Recentemente, expandiu sua atuação para a Arábia Saudita por meio de uma joint venture com o Grupo Al Faisaliah, levando a missão de vencer o câncer para um novo continente e proporcionando cuidados oncológicos em escala global, ao combinar a hiperespecialização oncológica com abordagens inovadoras de tratamento.

A companhia integra a carteira do IDIVERSA, índice lançado pela B3, destacando empresas comprometidas com diversidade de gênero e raça. Para maiores informações acesse: www.grupooncoclinicas.com