Territórios do povo Rikbaktsa (MT) recebem oficinas de comunicação popular

Jovens Rikbaktsa e comunicadores da Rede Juruena Vivo participam de formação com foco em redes sociais

Cerca de 50 indígenas participaram de formações em comunicação popular nos três territórios do povo Rikbaktsa, localizados na região noroeste de Mato Grosso. Além dos jovens Rikbaktsa de cada território, as oficinas contaram com a participação de comunicadores da Rede Juruena Vivo, dentre eles jovens dos povos Manoki e Enawene Nawe.

As formações, centradas no uso responsável e assertivo das redes sociais, foram conduzidas pelas comunicadoras Paula Amaral e Tainá Barral, da associação cultural Na Cuia. A primeira oficina ocorreu na Terra Indígena (TI) Erikpatsa, na aldeia Primavera. Na sequência, a aldeia Pé de Mutum, na TI Japuíra, sediou a atividade. E o ciclo formativo se encerrou na aldeia Babaçuzal, na TI Escondido. Cada oficina teve dois dias de duração.

Como resultado da formação, os participantes colocaram em prática o aprendizado. Divididos em grupos, produziram dez vídeos curtos para publicações em suas próprias redes e nas páginas do projeto Berço das Águas. “Fico muito feliz com essa oportunidade que os jovens estão tendo de aprender. Cursos de comunicação para a juventude são muito importantes e fortalecem o povo”, comentou Francisco Pykze Rikbakta, cacique da aldeia Pé de Mutum.

Durante a atividade prática, os participantes assumiram todas as etapas de produção de um vídeo. Fizeram pesquisa, roteiro, captação de imagens e áudio, legendagem e edição. Elba Rikbaktatsa, jovem da TI Escondido, comentou que a experiência foi importante para compreender as técnicas com mais profundidade: “A gente usa muito o celular, mas não imaginava tudo que tinha por trás para fazer um vídeo. Não é só pegar um celular e filmar”.

Todas as etapas da produção de um vídeo foram abordadas durante o processo formativo, mas as formadoras focaram especialmente no roteiro e na edição, inclusive apresentando e trabalhando com aplicativos de edição mais acessíveis e intuitivos. “Foi uma experiência nova para mim. Eu nunca fiz edição de vídeo. Achei interessante descobrir essas ferramentas”, comentou Heidineiva Mudwa, participante da TI Erikpatsa.

Além dos aspectos técnicos, também foram abordadas questões teóricas, como local de fala, construção de discursos e disputadas narrativas. “Falam muitas coisas sobre povos indígenas, então a comunicação é importante pra gente mostrar a nossa tradição e o nosso cotidiano. Ela vai nos ajudar a mostrar nossa cara e falar o que a gente quer, da forma que a gente quer, sem depender dos outros para fazer isso pela gente”, frisou Janice Tsari Rikbaktatsa, da TI Escondido.

A ideia é que o conteúdo e as reflexões apresentadas durante as oficinas sejam apropriados pelos jovens indígenas para o fortalecimento da comunicação popular nos seus respectivos territórios. “Nós, comunicadores da TI Japuíra, pretendemos criar o nosso perfil nas redes sociais e também ajudar a associação a criar uma conta da comunidade para fazer a divulgação de atividades no território, como encontros e festas tradicionais”, pontuou a jovem liderança Lilian Rikbaktatsa.

As oficinas de comunicação foram realizadas em conjunto com a Rede Juruena Vivo por meio do projeto Berço das Águas, executado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN) em parceria com o povo Rikbaktsa e com patrocínio da Petrobras. O fortalecimento da comunicação popular é um dos eixos do projeto, que tem como objetivo a implementação de ações do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) dos territórios Rikbaktsa e a elaboração do PGTA da TI Apiaká do Pontal e Isolados.