Ballet Fly, modalidade de dança nas alturas, ajuda a fortalecer a musculatura, diminuir as dores e pode ser uma nova forma de se exercitar
Quem chega aos 60 anos ou mais tem a chance de exercer a mesma vitalidade de sempre ou até aumentá-la. Com o Ballet Fly, modalidade que mistura dança com acrobacias aéreas do circo no tecido, é possível, inclusive, voar. O ventinho nos rostos, o colorido dos tecidos e o balancê, acompanhados dos pliés e jetés, que dão ritmo a lindas figuras, atraem pessoas de todas as idades, inclusive idosos, que querem experimentar a sensação.
Irene Elizabeth Gonçalves dos Santos, por exemplo, é funcionária pública aposentada, tem mais de 70 anos e defende que o limite [para se praticar a atividade] está na cabeça de cada um e não na condição física ou idade. Ela iniciou a atividade de Ballet Fly para aumentar o seu repertório de movimentos, como foi aconselhada por um professor de natação. “Essa é uma modalidade que reúne várias técnicas ao mesmo tempo, como mobilidade, resistência, força, equilíbrio e alongamento, além de ser lúdica”, comenta.
Letícia Marchetto, bailarina formada em educação física, é a criadora do método. Ela explica que o Ballet Fly proporciona uma experiência única a quem se dispõe a experimentá-lo, pois garante a sensação de liberdade. “É muito comum a gente ouvir as pessoas mais idosas dizerem: ‘eu nunca imaginei que faria isso na minha vida e, olha só, estou de cabeça para baixo, invertendo pela primeira vez aos meus setenta, oitenta anos’. Então o Ballet Fly tem um impacto muito positivo para o idoso quando ele se vê superando a si mesmo, realizando algo que ele nunca imaginou que ia fazer em idade nenhuma”, diz a profissional.
Ela explica que o Ballet Fly oferece um treinamento de força bem significativo, além de flexibilidade, equilíbrio e coordenação. “O idoso precisa disso para se manter ativo e ágil. Normalmente é aceito que a pessoa idosa esteja lenta, mas isso não deveria ser comum. Nós trabalhamos a força das mãos, dos braços, do abdômen e das costas com alto tônus muscular e essas atividades desafiam e estimulam muito o cérebro. Ao mesmo tempo, ao final de cada aula, tem sempre uma posição muito bonita no tecido que sela a atividade e que é desafiadora de chegar. Quando o aluno, especialmente o idoso, termina e vê o que conquistou e que conseguiu fazer uma posição nova, se sente estimulado a continuar”, comenta Letícia, sem deixar passar os ganhos cognitivos da atividade, que também trabalha raciocínio, corpo e mente.
Pilates também atrai idosos que querem se manter ativos
Em São Paulo (SP), no mesmo estúdio em que Letícia dá aulas de Ballet Fly, o Let’s Pilates, é possível fazer aulas de pilates, atividade que, segundo ela, é muito procurada por idosos. Esse é o caso de Sonia Maria Mendonça Mari, médica aposentada de 81 anos, que faz pilates há mais de um ano. Ela conta que, depois que começou a fazer a atividade, se sentiu muito melhor e renovada. “Aposentada, parei todos os exercícios por causa da pandemia. Aqui eu fui muito bem acolhida e melhorei muito a movimentação do meu corpo e articulações”, ela diz. Sonia explica que, agora, para andar na rua ou subir uma ladeira, é mais fácil. “Notei que minhas pernas estão mais fortes, o que me deixa melhor para caminhar. Esses dias, sem querer, andei três horas seguidas, no chão plano.”
De acordo com Letícia, seja no pilates ou no Ballet Fly, o idoso tem a possibilidade de fazer os movimentos no tempo dele. Dessa forma, estará sempre trabalhando a capacidade de reter informações, de se desafiar e progredir. “Ao praticar atividades físicas, o idoso previne uma perda estrutural e funcional muito grande, porque a perda de tecido ósseo e muscular que ele tem acontece numa velocidade maior do que a de corpos mais jovens. E quando o idoso começa a ter essa perda estrutural, especialmente na massa muscular, ele também tem perda funcional: uma locomoção limitada e dificuldade em realizar movimentos cotidianos, como agachar, levantar, sentar e ficar em pé, deitar e levantar, tomar banho e lavar o cabelo”, explica a especialista. “Essa perda da autonomia também começa a impactar o bem-estar dele, a qualidade de vida e autoestima, então a atividade física impacta positivamente em muitas camadas da vida, além de prevenir uma série de doenças”, finaliza.