Uma chopeira inovadora rendeu a um pesquisador brasileiro, de Minas Gerais, um prêmio das Nações Unidas Para o Meio Ambiente. Ela polui 94% menos que as comuns, é mais leve, consome a metade de energia elétrica e tem menos risco de explosão.
O equipamento do professor e pesquisador, Enio Pedone Bandarra, da faculdade de engenharia mecânica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), já está no mercado e reduz de 8,4 toneladas de CO2 liberados no meio ambiente para menos de 300 gramas.
“É uma satisfação desenvolver algo tão importante e ver sendo aplicado. É uma satisfação, ainda mais vindo da ONU e da maior associação de ar-condicionado que existe (ASHRAE), isso não tem preço e em uma universidade pública do interior do Brasil”, disse Enio Pedone em entrevista ao Só Notícia Boa.
Veja a comparação
Enquanto o sistema antigo, ainda usado, consome para cada chopeira 4,5 kg de HCFC em cada unidade comercializada, o novo sistema de refrigeração utiliza 150 gramas do gás refrigerante R290 (propano).
O grande impacto ambiental consiste ainda, em caso de vazamento de um sistema (chopeira) provoca, na liberação dos 4,5 kg de HCFC, que equivale a 8,4 toneladas de CO2 no meio ambiente.
Já o novo sistema, em caso de vazamento, o impacto equivale a apenas 270 gramas de CO2 na atmosfera, uma redução de 94% na emissão de poluente.
Consome menos energia
A inovação ainda tem vantagens econômicas e sociais.
O equipamento, para o mesmo uso, é mais leve, oferece menor risco de explosão e acidentes e consome até 50% menos energia.
Mais que isso: ele exige menos gastos com manutenção e oferece maior vida útil ao equipamento de refrigeração.
Chopeira inovadora
A inovação destacada no prêmio foi a substituição do gás HCFC, considerado de alto risco para a camada de ozônio e de risco para o aquecimento global.
O pesquisador desenvolveu uma pasta térmica que aplicada nas serpentinas de refrigeração de tanques permite utilizar outro gás refrigerante(R-22) de menor impacto ambiental.
Já está no mercado
A chopeira inovadora, com a combinação da nova pasta, começou a ser fabricada pela maior indústria da América Latina e líder de mercado na produção de chopeiras elétricas, torres de chope, pré-resfriadores e acessórios.
A empresa buscava atender ao programa da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) para ampliar o mercado e buscar competitividade e agregar valor à produção.
“Eu procurei então quem eram as pessoas especialistas no ramo, onde eu cheguei até o professor Enio, da UFU, e conseguimos fazer uma parceria. A gente já tinha feito outras parcerias com universidades anteriormente, nós acreditamos muito nessa parte de desenvolvimento vindo da universidade com a empresa e isso que motivou a gente”, afirmou Lucas Cavalin, diretor de pós-venda da empresa.
A novidade também já está no mercado varejo, em bares e restaurantes, distribuída por uma das maiores empresas de bebidas no país que, em contrapartida, ganha créditos de carbono por favorecer o ecossistema com a menor emissão de poluentes.
Ajuda ao meio ambiente
O professor Enio Pedone Bandarra já é reconhecido nacional e internacionalmente pelas inovações na área de energia, sistemas térmicos e nanotecnologia com novos fluídos para refrigeração com gases que não agridem a camada de ozônio e menor impacto no aquecimento global.
Agora, ele ganhou o Prêmio de inovação de refrigeração e ar-condicionado para aplicações com fluidos de baixo potencial de aquecimento global (GWP) da Assembleia das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (UNEP).
O pesquisador chegou aos resultados em parceria com a indústria e a inovação brasileira ajuda o meio ambiente porque promove menor prejuízo na camada de ozônio e, assim, ajuda na redução do efeito estufa, que aumenta as temperaturas no planeta.
O “Uso de novos fluidos refrigerantes em sistemas de refrigeração” foi reconhecido pelos aspectos inovadores na transformação de conceitos convencionais, pela capacidade de reprodução tecnológica, para países em desenvolvimento, pela extensão da necessidade e pela viabilidade econômica.
Apoio à pesquisa
Projetos de pesquisa e desenvolvimento em inovação executados por pesquisadores da UFU são feitos também em parceria com a Fundação de Apoio Universitário (FAU). A Fundação auxilia na condução dos projetos.
Todo o desenvolvimento do projeto, inovador e tecnológico, é conduzido pelo pesquisador e professor ficando a FAU na gestão burocrática, desde aos processos de compra ao acompanhamento do cronograma e prestação de contas.
“O desafio hoje é buscar caminhos menos burocráticos, sem alterar a segurança legal dos projetos e cursos, bem como na flexibilização dos prazos de circulação dos projetos entre as Pró-Reitorias” complementa Rafael Visibelli, diretor da FAU.
Os investimentos
Enquanto isso, na outra ponta, a empresa parceira investiu em novos equipamentos, ampliou a fábrica e treinou funcionários para o novo processo do setor de fabricação que viria, e já vê compensação em um futuro breve.
“Hoje, esse setor, ele está desenhado para rodar somente um turno, só que a gente tem conjunto de equipamento e mão de obra já pré-treinada. Se for necessário, podemos rodar em dois e três turnos para aumentar capacidade industrial e atingir o desenho que a gente imagina no primeiro momento em cenário nacional”, afirmou Rodrigo Carneiro, diretor industrial da fábrica de chopeiras.
Nova versão
Agora, o professor trabalha em uma segunda versão da chopeira premiada.
Ele quer desenvolver o sistema de automação para controle de temperatura e início de funcionamento automatizado com o controle pelo celular.
“O desafio pra mim é o mais importante, porque motiva muito a trabalhar na resolução de problemas”, concluiu o pesquisador premiado.
Por Só Notícia Boa – Reportagem com colaboração de Cristiane de Paula