Tenho me interessado particularmente pelos desdobramentos da guerra Rússia – Ucrânia. Tenho lido bastante e procurado compreender as extensões de um conflito europeu que neste momento está mudando a percepção da economia mundial.
Algumas observações. A Ucrânia produziu na última safra 40,7 milhões de toneladas de grãos. Desse valor faltam exportar 26 milhões. A dificuldade das exportações está relacionada à guerra com a Rússia. O único canal de saída da Ucrânia é o porto de Odessa. O problema é que a navegação no mar Negro está controlada pela Rússia.
Imaginando o tamanho do problema. A Rússia permitia a passagem de 5 milhões de toneladas por ano. Considerando navios de 30 mil toneladas, serão necessários 700 navios pra carregar 26 milhões de toneladas estocadas na Ucrânia.. Mas o problema ainda maior é a armazenagem. A última safra ainda estocada ocupando os silos do país. Chegando a nova safra o problema torna-se insolúvel.
Mas o pior mesmo é que nos próximos anos a agricultura ucraniana deixará de produzir significativamente, porque a destruição do país pelos russos afetou a capacidade de produção a Ucrânia.
A razão de citar esses fatos, é porque o poder mundial sai das mãos de quem controlava o petróleo ou as armas de destruição.
O sinal mais claro desses novos tempos, é que a agricultura mundial vai enfrentar o imenso desafio de abastecer os mercados mundiais em crescente consumo de alimentos. Isso quer dizer que a segurança alimentar mundial torna-se uma questão muito grave. Aqui cabe apontar o papel do Brasil. O mundo vai olhar pra cá imediatamente. As questões ambientais que hoje empurram sobre o Brasil serão engolidas pela fome europeia, asiática e oriental.
Aqui cito Mato Grosso. Ocupa no mundo a terceira colocação como produtor: EUA, Brasil e Mato Grosso. De longe superamos a gigante Argentina, uma referência sul americana histórica.
Pra quem gosta desse tema sugiro um vídeo no youtube: “Como o agro está mudando a geopolítica do Brasil”, produzido pelo canal Geopolítica Mundial. A sequência é muito maior.
Tudo isso significa o Brasil entrar num novo patamar diante do mundo. Apesar do governo brasileiro estar na contramão desses cenários cedendo cada vez mais espaços para os governos europeus. Contudo, é de se esperar que a leitura ideológica errada no Brasil, a pressão da fome nos atropele e nos coloque diante do mundo no patamar de quem detém o prato cheio de comida para o mundo nos próximos anos.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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Da assessoria