A importância da higiene das mãos surgiu com um médico húngaro Ignaz Philip Semmelweis (1818-1865), no século XIX, considerado “pai” do controle das infecções devido ao trabalho desenvolvido em um hospital de Viena, em 1847, quando constatou a transmissão cruzada de microrganismos pelas mãos.
De forma empírica e ainda sem conhecimento da teoria microbiana ou de transmissão de doenças infectocontagiosas, Ignaz verificou que as mulheres atendidas por estudantes de medicina apresentavam taxas de morbidade e mortalidade maiores do que as assistidas pelas parteiras.
Diante de tal fato, Semmelweis observou a diferença entre os alunos que não lavavam as mãos depois de manipularem os cadáveres e, em seguida, cuidavam de mulheres em fase de parto e puerpério, ao contrário das parteiras que não entravam na sala de necropsias. Assim, estabeleceu, com o seu achado, a primeira medida para controle e prevenção de infecções: a necessidade de higienizar as mãos antes do contato com pacientes.
Na década de 90, foi realizado um estudo na Holanda com profissionais de saúde de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O referido estudo comparou o tempo entre a higiene das mãos com água e sabonete e a higiene das mãos com preparações alcoólicas durante todo o turno de trabalho e concluiu que se os profissionais apresentassem 100% de adesão à higiene das mãos com preparações alcoólicas, o tempo estimado seria muito menor quando comparado com lavagem das mãos com água e sabonete (ir à pia, lavar as mãos, secar, retornar ao paciente) e tal fato poderia inclusive incentivar os profissionais a higienizarem as mãos durante o plantão em razão da maior praticidade e menor tempo.
A partir desse momento, iniciou-se uma verdadeira revolução conceitual, apontando uma alternativa à clássica lavagem de mãos: a antissepsia com o uso do produto alcoólico cuja recomendação passou a ser primordial nos principais guias de recomendação sobre o tema.
Em 2009 a Organização Mundial da Saúde (OMS) substituiu o termo “lavagem das mãos” por Higienização das Mãos devido à maior abrangência desse procedimento. O termo engloba a higienização com água e sabonete, a antissepsia cirúrgica, bem como a fricção antisséptica das mãos com preparações alcoólicas.
A higiene das mãos com água e sabonete é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quando as mãos estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e/ou outros fluidos corporais. Ressalta-se que essa ação deve ser realizada também ao iniciar o turno de trabalho, após ir ao banheiro, antes e depois das refeições, antes do preparo de alimentos, antes do preparo e manipulação de medicamentos. O tempo de duração recomendado para esta prática é entre 40 e 60 segundos.
O uso das preparações alcoólicas é indicado quando as mãos não estiverem visivelmente sujas. É recomendada para o uso rotineiro, durante a assistência ao paciente, preferencialmente nos cinco momentos preconizados pela OMS: antes do contato com o paciente; antes da realização de procedimentos assépticos; após risco de exposição a fluidos corporais; após contato com o paciente; e após contato com áreas próximas ao paciente. O tempo recomendado para esta prática é de 20 a 30 segundos.
Apesar da importância epidemiológica da higienização das mãos na prevenção das infecções, a adesão a essa medida tem se constituído num grande desafio para as instituições de saúde. Por isso, todos os anos, a campanha da OMS, SALVE VIDAS: Higienize suas mãos ocorre em maio com o objetivo de relembrar a importância dessa medida para prevenção de infecção e unir as pessoas em apoio à melhoria da higiene das mãos em todo o mundo.
Thaissa Blanco Bezerra – Coordenadora do Serviço de Controle de Infecções Relacionadas à Assistência e à Saúde do Hospital de Câncer de Mato Grosso.
Com assessoria