Câmbio: como economizar na compra de moedas estrangeiras?

Especialistas dão dicas e turistas contam suas experiências com a compra de moedas estrangeiras.

O setor de turismo foi um dos mais atingidos pela pandemia da Covid-19 , especialmente sobre a busca por viagens internacionais. De 2019 a 2021 houve uma queda de 80% em destinos fora do país, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Contudo, a situação vem mudando gradativamente a partir do controle do vírus ao redor do mundo.

De janeiro a julho houve um aumento no volume de viagens internacionais de 43% em comparação ao mesmo período de 2021, e é esperado que essa tendência continue agora nas férias de final ano, de acordo com a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo.

Uma das maiores dúvidas dos viajantes é como aproveitar a melhor cotação para comprar moedas internacionais. Essa estratégia precisa ser bem avaliada e aplicada de forma certa porque varia de acordo com o destino escolhido.

Para aproveitar ao máximo o câmbio, o ideal é escolher destinos com a cotação favorável em relação ao real, como o peso argentino, que passou por uma variação de mais de 19% nos últimos meses.

Caso a escolha do viajante seja um destino com a moeda mais cara, o ideal é acompanhar diariamente a variação e realizar a compra aos poucos, não sendo recomendável adquirir a moeda na iminência da viagem. Sendo assim, o planejamento é fundamental para quem busca as melhores cotações e, assim, economizar dinheiro.

“Além de aplicar a estratégia do câmbio médio, ou seja, fazer a aquisição da moeda estrangeira mês a mês, aconselhamos a diversificar as formas de comprar a moeda. Uma das opções mais tradicionais é a compra de moeda estrangeira em espécie”, afirma Ricardo Amaral, Head da Western Union Brasil – empresa de serviços financeiros.

O executivo explica que levar uma quantidade em dinheiro é essencial para gastos imediatos na chegada no país de origem, e para emergências, mas que é possível também utilizar os modos tradicionais de pagamento como débito, cartão pré-pago e crédito. Contudo, o especialista faz uma ressalva: “Vale lembrar que os serviços possuem taxas diferentes”.

Essas são dicas que o estudante de economia Denis Pascoal, de 23 anos, seguiu. Ele viajou à Europa pela primeira vez entre julho e agosto deste ano para comemorar dois anos de namoro. No total, a viagem durou 15 dias que foram divididos entre as cidades de Paris , na França Amsterdã , na Holanda , além de Milão Veneza  e Roma , na  Itália.

Ele explica que reservou a quantia de 1 mil euros em espécie para despesas de emergência, mas que seus gastos se concentraram em um cartão pré-pago que ele adquiriu ainda no Brasil.

“Resolvi usar o cartão de débito pré-pago internacional porque ele oferecia uma taxa de transação bem menor que a cobrada pelas casas de câmbio, caso eu só utilizasse dinheiro em espécie, então foi bem vantajoso neste sentido”, explica o estudante.

Outra estratégia que Denis adotou foi a de não ter comprado todo o dinheiro que levou de uma vez única vez, como indicou o especialista anteriormente.

“Fui comprando aos poucos. Eu ficava acompanhando o mercado também, que é uma das coisas que eu aprendi no meu curso de graduação. As moedas flutuam seus valores a depender de várias questões, especialmente sobre a política internacional. As eleições aqui impactam no valor que será cobrado do euro e do dólar, por exemplo”, conta o jovem.

 

O estudante Denis Pascoal em viagem pela Europa.. Foto: Arquivo pessoal

 

O estudante Denis Pascoal com o namorado em viagem pela Europa.. Foto: Arquivo pessoal

 

O estudante Denis Pascoal em viagem pela Europa.. Foto: Arquivo pessoal

 

O estudante Denis Pascoal em viagem pela Europa.. Foto: Arquivo pessoal

 

O estudante Denis Pascoal em viagem pela Europa.. Foto: Arquivo pessoal

 

Argentina: destino favorável aos brasileiros

A Argentina vem sofrendo com crises constantes que afetam a sua inflação e que tornou a moeda local – o peso argentino – muito desvalorizado se comparado ao real.

Na cotação oficial do dia 05/01/2023, R$ 1 estava valendo 33,44 pesos argentinos; já na cotação paralela [a não oficial, mas aceita pelo governo], também conhecida por lá como “câmbio blue”, R$ 1 estava valendo 65,59 pesos argentinos.

Se a conversão for feita em dólares americanos, a vantagem é ainda maior. Na mesma data, e no câmbio oficial, US$ 1 estava equivalendo a 178,93 pesos argentinos, já no pararelo, o valor era de 351,02 pesos argentinos. Os dados da cotação paralela são baseados no câmbio oferecido pela Western Union, que vende por este tipo de cotação.

Neste caso, chegar na Argentina com dólares se torna muito mais vantajoso que trocar reais por pesos argentinos e esta foi uma estratégia que o consultor de diversidade João de Flores, de 30 anos, adotou.

O consultor chegou ao país vizinho no início de dezembro e ficou por lá até o fim do mês. Contudo, esta não é sua primeira passagem pelo hermano argentino. Ele, inclusive, já morou no país anteriormente.

“Morei na Argentina com um ex-namorado por dois anos, entre 2011 e 2013. Fui estudar na Universidade de Buenos Aires . Nos preparamos financeiramente e naquele momento escolhemos o país por ser um destino que estava dentro do tratado de Mercosul, o que simplificaria conseguir a documentação de legalização, que nos foi entregue em dois meses”, conta João.

Na viagem de agora, ele decidiu levar dólares e trocar pela cotação paralela, mas antes precisou pesquisar bem o profissional com quem iria comprar o dinheiro em espécie, porque há muitos relatos de que notas falsas são vendidas no câmbio paralelo.

 

Casa Rosa Argentina, sede do governo argentino que fica em Buenos Aires.
BENJAMIN RASCOE/UNSPLASH – 24.06.2020 

Casa Rosa Argentina, sede do governo argentino que fica em Buenos Aires.

“A cotação oficial nos bancos é muito diferente da paralela e chega a ser de 100% de diferença no valor. A questão do paralelo é o risco de pegar notas falsas, mas ao mesmo tempo a gente percebe um mercado se formando em torno disso”, explica o consultor.

João conta ainda que não faz a transação em um lugar escondido – outro ponto que deve ser considerado, já que a maioria dos cambistas atraem os turistas pela rua, em especial a Calle Florida.

“Onde você vai encontrar a pessoa que vai te dar o dinheiro e com quem você vai buscar a quantia são pontos de atenção, para além das notas falsas. O maior cuidado que eu tomo é o de fazer esse câmbio paralelo apenas com indicação de pessoas que já fizeram antes”, diz.

Nômade digital

 

Os nômades digitais, Barbs e Magapo.. Foto: Arquivo pessoal

 

Os nômades digitais, Barbs e Magapo.. Foto: Arquivo pessoal

 

Os nômades digitais, Barbs e Magapo.. Foto: Arquivo pessoal

 

Os nômades digitais, Barbs e Magapo.. Foto: Arquivo pessoal

 

Os nômades digitais, Barbs e Magapo.. Foto: Arquivo pessoal

 

Para além dos turistas, outro tipo de viajante que também precisa se atentar à questão do câmbio são os nômades digitais – pessoas que trabalham em regime home office e, na sua maioria freelancer, que optam em não ter um local fixo de trabalho e mudam de cidade em cidade, ou até mesmo de país em país, buscando ter novas experiências e conhecer novos lugares.

Pablo Magalhães, de 35 anos, conhecido como Magapo nas redes sociais, é um nômade digital. Ele viaja com a esposa, Bárbara Medeiros, de 31 anos, conhecida como Barbs, ao redor do mundo desde 2019, e o casal compartilha as experiências, além de darem dicas, nas redes e no Youtube.

Eles já passaram por Itália, Canadá , Sérvia, Portugal , Argentina, Colômbia , França e agora estão na Inglaterra . O casal é adepto do “slow travel” (viagem lenta, em tradução literal) e ficam o máximo de tempo possível nos lugares que visitam, a depender da duração do visto.

Pablo conta que de todos os países que o casal já visitou, o único que gerou uma necessidade de ter moeda em espécie foi a Argentina, que os dois visitaram por três meses neste ano.

“O completo oposto seria a Inglaterra  onde qualquer valor é aceito pode ser passado no cartão. Nunca precisamos fazer o pagamento em dinheiro no país e até o transporte público pagávamos com a tecnologia de aproximação do cartão”, afirma.

Magapo diz ainda que, com o passar do tempo, passou a não se sentir mais inseguro com a questão do câmbio, uma vez que, em sua avaliação “há vantagens e desvantagens em cada lugar, mesmo onde o câmbio não é favorável”.

“O custo de mercado na Inglaterra, pagando em libras, é mais barato do que na época que fomos nômades em São Paulo , pagando em reais, por exemplo. O importante é evitar usar cartão brasileiro no exterior para não precisar pagar 6,7% de IOF [Imposto Sobre Operações Financeiras]. A estratégia é usar a taxa turismo no câmbio e abrir uma conta em um banco internacional, em que a taxa será de 1,1% de IOF com o câmbio comercial, que é mais barato”, diz.

 

 

O nômade finaliza trazendo três dicas que ele considera importantes para quem quer ter mais segurança na hora de fazer câmbio em uma viagem internacional:

1) Não é necessário andar com dinheiro em mãos na maior parte dos países internacionais. Se for para ter alguma moeda em espécie, que seja em dólar ou euro que são facilmente negociáveis pelas casas de câmbio do mundo inteiro.

2) Vale a pena abrir uma conta em um banco multimoeda, o que possibilita ter uma conta corrente em dólar americano, euro, libra e dólar canadense.

3) É importante sempre anotar os gastos tanto na moeda local, quanto em real e em dólar. Isso vai ser muito bom para comparar o custo de vida em países diferentes, e em momentos diferentes.

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Fonte: IG Turismo