Brasil ultrapassa marca de 100 medalhas de ouros em Paralimpíadas

Nas Paralimpíadas de Tóquio, o Brasil ultrapassou a marca de 100 ouros na história dos Jogos. E a centésima medalha veio no atletismo. Depois de uma noite de ansiedade,...

Nas Paralimpíadas de Tóquio, o Brasil ultrapassou a marca de 100 ouros na história dos Jogos. E a centésima medalha veio no atletismo.

Depois de uma noite de ansiedade, dia nasceu feliz para Yeltsin Jacques.

“O Bira falou: ‘a gente tem chance de fazer história mais uma vez. Centésimo ouro do Brasil em Paralimpíadas’”, contou.

Bira é o guia Carlos Antônio dos Santos. Como Yeltsin é cego total, precisa correr acompanhado. E nos 1,5 mil metros um vai puxando o outro.

Yeltsin já tinha conquistado o primeiro ouro do atletismo brasileiro em Tóquio, na prova dos 5 mil metros. Agora, marca o nome na história como o dono do centésimo ouro do Brasil em Paralimpíadas. E não é só isso não.

O tempo, 3min57s60 foi recorde mundial. E se fosse por Yeltsin, eles teriam sido ainda mais rápidos.

Conectados pela amizade e parceria, atleta e guia também são ligados por uma fita, a corda-guia, e não podem soltá-la. Mas a de Jerusa Geber e Gabriel Garcia arrebentou. Jerusa é campeã e recordista mundial e era favorita ao ouro.

Felipe Veloso, guia de Talita Simplício, explicou o que aconteceu com Jerusa antes de saber que eles também seriam desclassificados e perderiam o bronze. Isso porque Felipe soltou a corda um pouco antes da chegada.

Num dia de alegrias e tristezas, uma vitória sem medalhas para Hossain Rasouli. Um dos dois representantes do Afeganistão nos Jogos, único no atletismo. Com a ajuda do Comitê Paralímpico Internacional, ele conseguiu deixar Cabul e ir a Tóquio. Participou do salto em distância. Ele ficou em décimo terceiro, último lugar.

O comitê disse que foi uma ocasião muito especial. Os dois afegãos têm família ainda no país e, por segurança, estão evitando entrevistas.

Mais seis medalhas

 

O Brasil conquistou mais seis medalhas em Tóquio. No atletismo, Raissa Rocha Machado, levou a prata no lançamento de dardo para atletas cadeirantes.

Jardênia Fênix ganhou o bronze nos 400 metros rasos para atletas com deficiência intelectual.

O 101º ouro do Brasil na história das Paralimpíadas veio na natação. Carol Santiago venceu os 100 metros livre para deficientes visuais e foi prata no revezamento 4×100 metros livre misto com Wendell Belarmino, Douglas Matera e Lucilene Sousa.

Gabriel Bandeira conquistou a prata nos 200 metros, quatro estilos, para atletas com deficiência intelectual. E nos 100 metros livre para atletas com deficiência físico-motora, Mariana Ribeiro levou o bronze.

Futebol de 5

 

Artilheiro do Brasil nas Paralimpíadas, Nonato já marcou cinco gols. Ele nasceu sem enxergar, mas sempre jogou bola.

“Eu conhecia a voz dos amigos, quem era o goleiro e qualquer coisa que o goleiro falasse eu já pensava: ‘ali é a trave’”, contou.

É um dos mais experientes do grupo. Nesta terça-feira (31), o Brasil fez 4 a 0 nos franceses com dois gols dele.

O futebol de 5 entrou para o programa paralímpico nos Jogos de 2004, em Atenas. De lá para cá, em quatro edições de Paralimpíadas, só o Brasil ganhou ouro, e a primeira fase mostra que a equipe é fortíssima candidata a mais uma conquista.

Além da França, o Brasil ganhou de China e Japão. Marcou 11 gols e não levou nenhum. Na quinta-feira (2), enfrenta o Marrocos na semifinal. Desafio para veteranos, como Nonato, que foi a três Paralimpíadas, e para os estreantes. Jardiel marcou seus primeiros dois gols na partida desta terça.

“Eu já tinha feito gols em Copa América, Parapan, mas como é a minha primeira Paralimpíada, fico muito lisonjeado, muito feliz”, disse.

Reprodução: G1