Mulher com câncer que sofreu preconceito doa máscaras coloridas para pacientes

A Priscila Machado transformou o preconceito que sofria em um lindo projeto que traz um novo olhar para a máscara de proteção usada por pessoas imunossuprimidas em virtude...

A Priscila Machado transformou o preconceito que sofria em um lindo projeto que traz um novo olhar para a máscara de proteção usada por pessoas imunossuprimidas em virtude de tratamentos.

 

Priscila Machado descobriu o câncer há pouco mais de um ano. Durante o tratamento, ela precisou usar máscara descartável e percebeu que as pessoas a olhavam de forma diferente. Mas isso não abalou a advogada e historiadora. Ela decidiu produzir máscaras coloridas para ela e essa ideia virou um lindo projeto com mais de 5 mil máscaras para pacientes com câncer de vários países.

Priscila tem 31 anos e descobriu que estava com câncer no sangue no ano passado. Depois de muita quimioterapia, radioterapia, transplante de medula óssea e um tratamento intensivo, ela conseguiu se curar do linfoma no mês passado. Mas dentre as dores da doença e do tratamento, uma das mais marcantes foi o preconceito.

Por causa da imunidade, ela teve que usar máscaras de proteção. “Houve situações em que eu sentei em um local e a pessoa mudou de lugar, teve também uma vez que entrei numa loja e as atendentes não quiseram me atender, ficaram olhando de forma preconceituosa, achando que eu tinha algo contagioso que pudesse passar a elas. Fiquei muito chateada”, relatou.

Depois de sentir na pele a discriminação, ela viu uma foto da atriz e apresentadora Ana Furtado utilizando a máscara colorida de tecido e sua mãe, a costureira Kathia Macedo, se prontificou em fazer máscaras para a filha e isso mudou muita coisa!

“Isso me trazia mais leveza em usá-las. As pessoas começaram a me tratar diferente na rua, elas não me olhavam mais daquela forma estranha, e sim com curiosidade, achando as máscaras divertidas, bonitas, alegres, até mesmo as crianças curtiam”, relatou Priscila. Essa experiência daria origem ao projeto Um Novo Olhar.

Família já produziu mais de 5 mil máscaras e projeto conta com voluntários

 

O sucesso das máscaras despertou na família o interesse em ajudar outras pessoas e mãe e filha começaram a fazer para outros pacientes oncológicos de Brasília e distribuir gratuitamente, principalmente para as crianças. Não demorou muito e pessoas de outros estados e até países entraram em contato para conseguir as máscaras. No total já foram produzidas e enviadas mais de 5 mil para pacientes do Brasil, Estados Unidos e Espanha.

Hoje, o projeto conta com o apoio de dez voluntários, a ajuda do Instituto Guiando Estrelas, e a parceria da empresa Efeltros Especiais. Dona Kathia Macedo se orgulha de ter dado os primeiros pontos no projeto da filha. “Eu gosto demais de fazer o bem ao outro, dá alegria e o retorno é a satisfação dessas pessoas”, disse Kathia.

Se eu tinha que passar por isso, então que eu leve a lição de que a vida e a nossa saúde são nossos bens mais preciosos, que fazer o bem ao próximo é algo imensurável, mesmo que um pequeno gesto. E por isso quero continuar com esse projeto e aumentá-lo cada vez mais, ajudar as pessoas a passarem por esse momento de uma forma leve, mais divertida, apesar de todas as adversidades”, disse Priscila.

Pacientes não podem ser rotulados por uso de máscaras

 

Priscila fez questão de frisar que os pacientes usam máscaras para se proteger de vírus contraídos de outras pessoas e que podem agravar o seu estado de saúde. Na opinião dela, a falta de informação está na raiz do preconceito que os pacientes sofrem:

“Acho que o que falta hoje em dia é uma maior conscientização sobre a importância do uso das máscaras. Essa desinformação gera esses olhares indesejados, mas tenho fé que isso ainda vai mudar, e desejo que as pessoas que estão em tratamento não precisem passar por esse sentimento de se sentirem desconfortáveis com as máscaras, e sim que se sintam bem as usando, pois isso também faz muita diferença para um resultado satisfatório em seus tratamentos”, finalizou.

É isso aí, Priscila! As máscaras desse preconceito têm que cair e isso só é possível com muita informação! 💜

Fonte: RPA / Fotos: Divulgação