Um novo estudo liderado por pesquisadores brasileiros indicou que a cura para os sintomas da doença de Alzheimer pode estar em uma planta nativa.
A doença (ou mal) de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa crônica e a forma mais comum de demência. Ela se manifesta aos poucos e agrava-se conforme o indivíduo vai envelhecendo. Seu sintoma mais comum é a perda de memória a curto prazo, com dificuldades crônicas de recordar eventos recentes.
Um novo estudo liderado por pesquisadores brasileiros indicou que a cura para os sintomas do Alzheimer – e até mesmo a cura total da doença – pode estar em uma planta nativa: precisamente, nas folhas da pitangueira (Eugenia uniflora), abundantes na Mata Atlântica.
O estudo foi conduzido por mestrandos e doutorandos em Biotecnologia da Universidade Positivo, que tem unidades espalhadas por todo o estado do Paraná.
“O potencial neuroprotetor é proteger os neurônios dentro dos surtos gerados pela doença”, explica Ilton Santos da Silva, professor de pós-graduação em Biotecnologia na instituição. “Quanto mais eles [os neurônios] estiverem protegidos, a doença pode ser prevenida ou até evitada.”
Labirinto para roedores
Ilton e sua equipe realizou diversos testes com ratos de laboratório, visando conectar a planta e o efeito neuroprotetor, de acordo com as orientações do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e com a aprovação do Comitê de Ética em Uso de Animais em Pesquisa da Universidade Positivo.
O experimento foi realizado com quatro grupos de roedores – 10 em cada grupo. Um recebeu uma substância que provoca sintomas do Alzheimer, enquanto outros dois grupos, que também receberam a substância, foram tratados por 30 dias com duas doses diferentes de extrato das folhas de pitangueira.
Um último grupo, de controle, foi usado apenas para comparação – ou seja, não recebeu nenhum tipo de substância e nem tratamento.
Ao final dos 30 dias, os ratos passaram por novos testes de memória feitos em um labirinto. Segundo Ilton, uma característica natural desses animais é que eles procuram se esconder em locais fechados quando são colocados em um lugar aberto.
No primeiro teste, os ratos exploraram os locais abertos em busca de um refúgio fechado. No segundo e no terceiro, passaram cada vez mais tempo em ambientes fechados. E no quarto, os roedores ficaram praticamente apenas nos locais fechados.
“Isso é um indicativo de memória, que chamamos de memória episódica”, informa o professor. “O rato consegue manter a informação de que no experimento anterior ele já foi mantido naquele local aberto que ele não gosta.”
Avanços em direção à cura para o Alzheimer
Os animais com memórias mais saudáveis escolheram permanecer nos cantos fechados. Essa tendência foi maior nos roedores tratados com o extrato de folha de pitangueira, em comparação com aqueles que não haviam recebido nenhum tratamento.
Assim, aqueles que receberam o extrato da planta tiveram efeitos na preservação da memória mais eficazes do que os que não receberam. “Demos um primeiro passo vendo que os prejuízos de memória foram prevenidos, mas agora queremos entender qual é a origem desse efeito preventivo”, afirma Silva, que afirmou precisar realizar novos testes para chegar a um veredito.
Fonte: Galileu
Por Gabriel Pietro | Razões Para Acreditar