Dezessete reeducandos da Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá, fazem parte agora da comunidade acadêmica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Essa inclusão é possível graças ao projeto Liberdade de Direito e de Fato, uma parceria entre a universidade e a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos com apoio de diversos parceiros, que oferta curso superior de Administração Pública, na modalidade de educação a distância, dentro da unidade prisional, a maior do estado.
A aula inaugural ocorreu nesta semana e foi aberta pela reitora da UFMT, Myriam Serra, e reuniu a turma dos novos acadêmicos, equipe da Sejudh, da UFMT e representantes do Poder Judiciário, Conselho da Comunidade, Defensoria Pública e servidores da penitenciária.
Nelson Alves Junior é um dos reeducandos que ingressou no curso por meio de vestibular especial aplicado pela UFMT no final de novembro. Ele ficou em segundo lugar no processo seletivo e viu na penitenciária a oportunidade de terminar o ensino médio e conseguir uma chance de ir adiante. “Aqui com a Escola Nova Chance consegui concluir os estudos e chegar até aqui. Minha meta é concluir e ter uma nova vida quando sair”, afirmou Nelson que é eletricista de formação.
O secretário adjunto de Administração Penitenciária, Emanoel Flores, explica que os reeducandos do projeto que conseguirem progressão de regime, poderão terminar o curso num polo de EaD da universidade federal. “Este projeto foi a união de vários parceiros que se empenharam na ideia e batalharam para concretizá-la. Nossa expectativa é que essa ideia se estenda a outras unidades do Sistema Penitenciário estadual”, observou o gestor.
A reitora da UFMT salientou aos reeducandos o desafio de renovar diariamente o compromisso com os estudos para que a iniciativa tenha sucesso. “Vocês são os novos estudantes da comunidade acadêmica da UFMT. É muito importante que se doem por esse projeto, renovando seu compromisso com vocês mesmos, acreditando que é possível mudar suas vidas pela educação”, afirmou Myriam Serra.
Marcos Rodrigues Jr, 22 anos, também concluiu o ensino médio na PCE e no vestibular para o curso superior ficou em primeiro lugar. Jovem, ele vê no ensino superior um recomeço para sua vida. “Parecia difícil no começo, mas eu consegui chegar aqui. E agora é um recomeço de vida”.
Parceria
O projeto Liberdade de Direito e de Fato tem o apoio de várias instituições junto com Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), órgão gestor do Sistema Penitenciário estadual. A Sejudh ficou responsável pelo mobiliário da sala de aula na penitenciária, execução do projeto no local, com pedagogas para acompanhamento e seleção dos reeducandos. A Associação dos Servidores da PCE custeou os aparelhos de ar condicionado, impressora e os monitores do projeto.
A Fundação Nova Chance ficará responsável pelo pagamento dos professores e a UFMT e Fundação Uniselva pelo material didático virtual e professores. O Conselho de Execução Penal e Poder Judiciário forneceu os livros didáticos e computadores.
O juiz Jorge Tadeu Rodrigues, que representa o Poder Judiciário no Conselho da Comunidade, destacou o envolvimento de várias instituições no projeto e a UFMT por aceitar o desafio de levar curso para a unidade prisional. “Não basta que cumpram sua pena, é preciso alcancem a liberdade e um novo patamar em suas vidas”, afirmou.
O diretor da penitenciária, Bruno Henrique Marques, falou do empenho dos servidores para que o projeto fosse adiante e do apoio da associação para que a nova sala de aula fosse concretizada. “Sabemos que os desafios são grandes, mas com o compromisso de diversas pessoas conseguiremos avançar com essa iniciativa de ressocialização e com várias outras existentes na unidade que auxiliam na mudança de vida de cada um dos reeducandos que desejam uma nova oportunidade”.
Participaram da cerimônia da aula inaugural do projeto a presidente da Fundação Nova Chance, Dinalva Oriede; Superintendente Penitenciário, Gilberto Carvalho, equipe pedagógica da PCE, coordenada pela professora Roselvira Serpa; presidente da Associação de Servidores da PCE, Arthur Rodrigues; diretor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, professor Ávilo Magalhães; coordenador do curso de Administração Pública EaD, professor José Carlos Marquese o defensor público André Rossignollo.